Confira entrevista sobre Governança com Roberto Sousa Gonzalez, administrador e membro da comissão temática de estudos de sustentabilidade para empresas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

Roberto Sousa Gonzalez, administrador e membro da comissão temática de estudos de sustentabilidade para empresas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), lança o livro “Governança Corporativa: o poder de transformação das empresas”. Nele, o autor aborda as boas práticas e seu impacto na atuação das companhias.  

FH: De que forma a governança corporativa pode auxiliar os hospitais, instituições tradicionalmente familiares, a conseguirem excelência em gestão empresarial?
Roberto Sousa Gonzalez:
 A governança corporativa é importante porque tem papel de profissionalização tanto de empresas familiares quanto das multinacionais. Dessa forma, é importante toda instituição de saúde ter uma estrutura mínima com, por exemplo, um conselho de administração no qual o fundador pode deixar a gestão para os profissionais do setor definirem diretrizes – não só médicos, mas também administradores, gestores de risco, entre outros -, porém ele deve criar mecanismos de controle destes gestores. E ter os comitês para se aprofundar em assuntos estratégicos para os hospitais.

FH: No livro, você ressalta que é fundamental que os membros do mais alto escalão da administração das organizações tenham participação ativa no desenvolvimento do conceito prático de governança corporativa. Como isto pode ser conduzido?
Gonzalez:
Um especialista em gestão de risco, por exemplo, não pode participar apenas uma vez por mês da reunião do conselho, porque será muito lento incorporar o processo ao hospital. Eu falo sobre a gestão de risco porque os hospitais ainda têm de levar essa questão para a estrutura hospitalar.  Mas o mais difícil ainda é conscientizar alguns médicos sobre a necessidade de se ouvir esse especialista, ainda existe a barreira de se aceitar práticas de governança que significa dialogar com outras especialidades para melhorar a gestão. Dessa forma, o médico deve ouvir e aceitar o conhecimento de outras especialidades visando o estímulo a melhor gestão da entidade de saúde. Nessa relação, se o médico está na diretoria, é preciso ter definido um diálogo transparente e preciso com o conselho e manter o fluxo de informação. Porque também não adianta contratar excelentes gestores e não traduzir o negócio para ele. Esse diálogo franco deve sempre existir.

FH: Quais são os principais códigos de governança e de que forma contribuem para a disseminação das boas práticas?
Gonzalez:
O principal código de governança no Brasil é do IBGC, que é voltado para companhias e empresas, mas pode ser adaptado, por exemplo, para Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), para companhias, como o Grupo Fleury, que já ganhou prêmio de governança corporativa, organizações do terceiro setor – hospitais vinculados às instituições de caridade etc. Uma das principais questões colocada pelo código é a do agente externo na governança: o auditor de processo, de demonstração contábil etc. A governança corporativa é relevante para a clareza e a transparência das informações empresariais, se o setor de saúde  brasileiro praticar seus conceitos em sua essência, ele será muito melhor.

 

Fonte: SaúdeWeb