sustentabilidadePor Rodrigo Henriques

Ao longo dos últimos anos, após desenvolver inúmeros projetos em planejamento estratégico para hospitais, percebi que o setor de saúde tem ainda uma grande jornada a percorrer para garantir a necessidade das suas partes interessadas (Stakeholders), no presente e no futuro.

Entende-se por partes interessadas ou “stakeholders” todas as pessoas e organizações que impactam e são impactadas pelas operações de uma instituição, como por exemplo clientes, funcionários, fornecedores, comunidade, órgãos reguladores, governo, entre muitos outros.

Foi em 1987 que o conceito de sustentabilidade, da forma como é entendido hoje surgiu, a partir de um estudo encomendado pela ONU a então primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland. O trabalho foi publicado sob o nome “Retatório Brundtland”, ou “Nosso Futuro Comum”, e ficou mundialmente conhecido por definir que ser sustentável é conseguir prover as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras em garantir suas próprias necessidades.

Seguindo esta definição, você leitor, consegue enumerar quantas organizações que de forma transparente e ativa estejam se concentrando no longo prazo em seus desempenhos econômicos, ambientais e sociais de forma integrada e simultânea ? E mais, comunicando isso as suas partes interessadas ?

Surpresa ou não, o Brasil vem se destacando no cenário internacional, pois cada vez mais organizações de saúde brasileiras tem publicado relatórios de sustentabilidade no padrão GRI (Global Reporting Initiative*), o que faz com que nosso país lidere o ranking de produção destes relatórios, embora exista ainda grande necessidade de se aprimorar a qualidade desta prática.

A partir das referências da Global Reporting Initiative e também de outras organizações globais, que mais recentemente, tem focado em diretrizes de sustentabilidade para o setor da saúde, é possível antecipar tendências e ameaças e engajar públicos de interesse em todos os desafios atuais e futuros do setor, que não são poucos.

Um projeto para a sustentabilidade identifica, mensura e gerencia uma série de indicadores de forma sistêmica, que vão muito além do seu desempenho em termos de qualidade ou apenas econômico, pois abrange aspectos de governança corporativa, passando também por itens sobre conformidade e práticas de gestão ambiental, assim como todo o impacto social da operação sob a perspectiva de suas relações com trabalhadores, com a comunidade com clientes e até mesmo com a concorrência.

Perguntar-se quais são os temas relevantes para a sustentabilidade em sua organização de saúde é o primeiro passo, e conhecer o que tem sido feito por várias organizações que já adotam esta prática corrobora para demonstrar como é possível começar e obter resultados significativos, no mínimo em termos de auto conhecimento e visão de futuro.

Espero com esta e com as futuras edições do blog compartilhar informações, conteúdos e experiências coletadas em cases brasileiros e também ao redor do mundo, demonstrando como a prática de reportar e medir indicadores de sustentabilidade pode viabilizar um projeto robusto, transparente e ético na identificação de riscos e oportunidades e na perenidade das organizações de saúde.

*GRI (Global Reporting Initiative) – Organização sem fins lucrativos que define diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade

Fonte: Saúde Web