18.07 2A palestra “Administradores sem medo de inovar, de arriscar e de acreditar”, que acontece no dia 21 de agosto, durante o 24º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, será proferida pelo líder do time de sistemas de engajamento e insight do laboratório de pesquisa da IBM no Brasil, Sergio Borger. Trabalhando com inovação há mais de 20 anos, Borger defende a participação dos colaboradores na criação e implantação de novas ideias e estratégias. Para ele, “o conceito de inovação e colaboração estão bastante interligados, pois grande parte das inovações de impacto necessitam de colaboração em larga escala para terem sucesso”. Em entrevista à CMB, Sergio Borges disse que é possível investir em inovação mesmo durante a crise, que seria, segundo ele, um motivador para o surgimento de soluções estratégicas.

CMB – Como definir “inovação” e “colaboração”?
Sergio Borger – Ambos termos são extremamente importantes e bastante correlacionados na maioria das vezes. Inovação pode ser entendida como um novo método ou produto diferente do que existia anteriormente, criado a partir de uma ideia. Também podemos entender inovação de forma mais social, como sendo uma mudança de paradigma, que resultam em formas diferenciadas de realização de tarefas e funções dentro da sociedade. Por sua vez, colaboração é um conceito de grupo, tipicamente social, onde pessoas cooperam para atingir objetivos compartilhados. Eu diria que no mundo de hoje, o conceito de inovação e colaboração estão bastante interligados, pois grande parte das inovações de impacto necessitam de colaboração em larga escala para terem sucesso.

CMB – É possível inovar quando os recursos para investimentos são escassos?
Sergio Borger – É claro que sim. Eu acredito que inovação é o resultado de ações criativas ligadas a mudanças de paradigma que nos permitem, individualmente e como grupo, criar métodos e produtos que funcionam melhor do que antes. É claro que investimentos em inovação são necessários. Estes investimentos começam com ações ligadas à estratégia, políticas de incentivo à inovação, passando para etapas experimentais onde inovações são rapidamente avaliadas, testadas e medidas, permitindo finalmente que as mesmas sejam implementadas, ou não, em larga escala. Normalmente esta última fase é acompanhada por um “caso de negócio”, onde a empresa avalia o impacto da inovação sendo capaz de tomar decisões ligadas a investimentos de forma mais clara.

CMB – Como “pensar fora da caixa” quando o cenário econômico está em crise?
Sergio Borger – Eu acredito que é nestas horas que nosso senso de inovação e criatividade tem que estar mais presente nos colaboradores, pois são em momentos de crise, qualquer que seja a crise, que temos a oportunidade de obter os maiores ganhos em termos de eficiência, produtividade e mercado baseados em transformações na empresa. São nesses momentos que excelentes ideias para a otimização de recursos aparecem. São nestas horas em que conseguimos enxergar novas formas de entender as necessidades de mercado e como endereçar as necessidades emergentes da sociedade de forma inovadora. Obviamente é muito bom trabalhar sem crise, mas a motivação para a transformação de nossos negócios (métodos, sistemas e organizações) costuma surgir em momentos que temos desafios ligados ao “status quo”.

CMB – Qual a importância e o papel dos colaboradores nesse processo?
Sergio Borger – A participação dos colaboradores é essencial para os processos de mudança e transformação nas empresas. A inovação não ocorre por mandato, nem é adotada (rapidamente) sem participação efetiva dos colaboradores. Um inventor pode criar uma máquina fantástica, que cura todos os males do mundo, mas se os médicos, enfermeiros e pacientes não a usarem, ela está fadada ao fracasso. Da mesma forma, se uma enfermeira inventar um novo dispositivo ou produto para tratamento de picadas de abelhas e este método ou produto for ensinado e usado por médicos, enfermeiros e pacientes, esta inovação será um sucesso. Os colaboradores são essenciais no processo de criação, adoção e uso da inovação para que a mesma seja efetiva.

CMB – O que esperar para o futuro da Saúde nesse contexto?
Sergio Borger – O futuro é super interessante. Podemos ver que a velocidade da criação de novos produtos e na área médica tem crescido ano a ano. Pode-se dizer que em nossa história, a ciência médica nunca produziu tanto conhecimento tão rapidamente quanto hoje. O interessante é que a velocidade da inovação não parece diminuir e a cada dia temos novidades em todos os setores ligados à medicina. Por outro lado, independentemente de nosso nível de especialização, sabemos o quão difícil é conhecer e manter atualizados todos os produtos médicos e casos na literatura médica. Também aprendemos que os avanços médicos estão permitindo níveis cada vez mais profundos de personalização dos tratamentos, chegando a casos de técnicas de tratamento e remédios específicos para a genética e condições biomecânicas de um indivíduo.

Este caminho de inovação ligado à saúde personalizada passa por várias fases de entendimento e adoção de novas tecnologias pelos pacientes, médicos, familiares, enfermeiros e toda a equipe de tratamento e cuidado de um indivíduo. As necessidades humanas de saúde nas próximas décadas irão demandar que novos caminhos para o tratamento personalizado sejam criados e com isso teremos uma miríade de novos produtos e serviços nascendo e sendo oferecidos. Acredito que as instituições que conseguirem fomentar colaborações efetivas ligadas às inovações emergentes serão aquelas que irão crescer e se desenvolver cada vez mais em polos de excelência médica e cuidado coordenado para a nossa sociedade.

Fonte: Newsletter Expressinho CMB