Com objetivo de reajustar a tabela do Sistema Único de Saúde – SUS, a Assembleia Legislativa aprovou na sessão, desta quarta-feira (27), uma indicação do deputado Gilmar Fabris (PSD). 

A união de esforços deverá pressionar o governo federal a atualizar o repasse dos atendimentos feitos pelo SUS, que está defasado e inviabiliza o setor.

O documento será encaminhado à presidente da República, Dilma Roussef (PT), com cópias ao Ministério da Saúde, Governo do Estado e secretários, bem como à bancada federal de Mato Grosso. Também será enviado aos conselhos regionais e Federal de Medicina.

Da tribuna, Fabris questionou que ao longo das últimas décadas a sociedade acompanha a difícil situação da saúde pública no Brasil. Onde milhares de pacientes são abandonados pelo estado, perecendo nos corredores dos hospitais a espera de atendimento.

O deputado criticou a falta de recursos no setor que, consequentemente, resulta na escassez de medicamentos, profissionais especializados e longa fila de espera. Isto sem contar a carência de equipamentos e de ambulâncias.

“Materializando essa conta, basta dizer que com essa verba que deixou de ser aplicada, seria possível construir 110 mil unidades básicas de saúde, edificar 33 mil unidades de pronto atendimento ou aumentar em quase 900 o número de hospitais públicos de médio porte”

Pela liderança, Fabris leu o relatório da Organização Mundial de Saúde, de 2014. E fez o comparativo de que enquanto o Brasil investe em saúde 474 dólares por pessoa ao ano.

Os Estados Unidos gastam 3,9 dólares. Na Noruega são U$ 7,9 mil, no Japão U$ 3,9 mil e na vizinha Argentina 852 dólares. “Saúde se faz com dinheiro e não com demagogia”, criticou, ao acrescentar que há uma inversão de valores.

Já que a média mundial aponta que o governo paga a maior parte dos custos. Mas no Brasil, 47,5% são mantidos pelo poder público, e 52,5% dessa conta vão para o bolso do cidadão.

A iniciativa de Fabris também atende aos anseios das entidades de classes da área de Saúde. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, quase R$ 10 bilhões deixaram de ser aplicados na rede pública em 2014, conforme dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Outro questionamento se refere aos investimentos realizados no período de 2003 a 2014, estudos apontam que foram autorizados R$ 80,5 bilhões específicos para a realização de obras e aquisição de equipamentos nessa área. No entanto, apenas R$ 31,5 bilhões foram efetivamente gastos.

“Materializando essa conta, basta dizer que com essa verba que deixou de ser aplicada, seria possível construir 110 mil unidades básicas de saúde, edificar 33 mil unidades de pronto atendimento ou aumentar em quase 900 o número de hospitais públicos de médio porte”, alertou o deputado.

Segundo o CFM, a defasagem dos valores pagos pelo Ministério da Saúde aos hospitais que atendem o SUS, chega até 434% nos últimos seis anos, em comparação com a inflação acumulada no período. A análise mostrou que há defasagem em 1.118 dos 1.500 procedimentos hospitalares pesquisados.

Essa pesquisa apontou que um hospital que realizou um parto normal pelo SUS, em 2008, recebeu do R$ 472,27. Corrigido pela inflação, o valor deveria ser de R$ 701,89, em 2014. Contudo, o valor pago pelo governo federal foi de R$ 550,42, uma defasagem de 28%. O mesmo acontece com mamografias, hemodiálise e procedimentos cirúrgicos.

Os hospitais contabilizam os prejuízos, inclusive, os filantrópicos. É o caso das unidades da Santa Casa de Misericórdia do país. Juntas, acumulam dívidas na ordem de R$ 17 bilhões. Além disso, mais de 100 hospitais fecharam ou deixaram de atender pelo SUS nos últimos 10 anos.

“Procurando somar aos esforços de diversas entidades ligadas a saúde, apresentamos essa indicação ao governo federal para que seja feito, com urgência, o reajuste dos valores da tabela do SUS, um dos principais gargalos que assola a saúde pública”, finalizou.

Fonte: Mídia News (MT)