A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectou, na cidade de Ibiporã (PR) um caso humano de infecção respiratória provocada por uma mutação do vírus influenza A H1N2. O vírus foi identificado em uma mulher de 22 anos, funcionária de um abatedouro de suínos na cidade, que fica no norte paranaense. Ela precisou de atendimento médico após apresentar problemas respiratórios em abril.

Segundo a Fiocruz, o H1N2 circula em porcos e tem, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), potencial para gerar uma pandemia. A fundação foi acionada e confirmou a infecção na paciente, por meio de exame PCR-RT. A mulher foi tratada em casa e está curada. A Fiocruz também informou que ainda não é possível saber se o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa. Até hoje, apenas 26 casos de influenza A H1N2 foram documentados desde 2005 em todo o mundo, incluindo outros dois pacientes do Brasil.

A Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) emitiu uma nota técnica nesta segunda-feira (13 de julho) sobre os trabalhos realizados neste caso de H1N2. A agência já fez um levantamento nas 34 propriedades que enviaram suínos para o abate no período padrômico da doença e não há sinais clínicos nos animais vistoriados até o momento. Do total de propriedades analisadas, 22 ficam no Paraná e 12 em outros estados.

A nota técnica também lista várias recomendações para os produtores: se funcionários apresentarem sintomas, devem ser encaminhados às unidades de saúde e, no caso de aparecimento de sinais clínicos nos animais, o produtor deve notificar as unidades da Adapar. A influenza é uma doença respiratória viral aguda que afeta humanos e animais, como os suínos. “Importante destacar que a pessoa infectada pelo vírus teve contato com os animais já abatidos, o que diminui as chances de contaminação”, explica o gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias.

Desde então, a Secretaria de Estado da Saúde tem feito o acompanhamento dos familiares e pessoas que tiveram contato com a paciente.

O diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, explica que o consumo da carne suína é seguro. “Não há surtos epidemiológicos de doenças de notificação obrigatória, incluindo Influenza A (H1N2), ocorrendo na produção suína do Paraná neste momento”, diz. “O estado continua trabalhando no monitoramento e controle desse caso para que os produtores não tenham perdas. As medidas de biosseguridade são fundamentais para o controle de doenças nos rebanhos”, afirma o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

A Portaria 265/2018 da Adapar dispõe sobre a biosseguridade mínima para estabelecimentos que produzem suínos para fins comerciais no Paraná. Entre as recomendações da Adapar aos profissionais do setor estão a limpeza e desinfecção das instalações antes da entrada de novos lotes; o vazio sanitário que, somado à desinfecção, permite a destruição dos patógenos não eliminados na higienização; um sistema de desinfecção para a introdução de materiais e equipamentos na granja; métodos de pulverização ou arcos de desinfecção, com uso de desinfetantes; troca de calçados e roupas para as pessoas que precisarem entrar na granja e, se possível, banho; adotar o “cinturão verde”, formado por espécies de árvores plantadas em determinadas áreas ao redor da granja para diminuir ou eliminar correntes de ventos, evitando a condução de microrganismos patogênicos.

Este foi o segundo caso de H1N2 no Paraná

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, esse é o segundo caso identificado no Paraná. O primeiro ocorreu em 2015, em Castro, na região dos Campos Gerais. A Secretaria realiza a investigação epidemiológica e laboratorial na área para verificação de ocorrência de mais casos envolvendo os vários municípios da região, onde os trabalhadores residem, e a do frigorífico.

De acordo com a Sesa, os vírus da gripe dos porcos normalmente não infectam seres humanos. No entanto, ocorrem infecções humanas esporádicas. Quando isso acontece, esses vírus são chamados de “vírus variantes”, como o Influenza A (H1N2)v, mas que, na maioria dos casos, não demonstraram a capacidade de se espalhar de maneira fácil e sustentável de pessoa para pessoa.

Fonte: Saúde Debate