O presidente da Femipa, Flaviano Feu Ventorim, participou, na manhã da última quinta-feira, 16, de uma reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha ações de combate ao novo coronavírus para discutir a situação da pandemia de Covid-19 no Paraná. Também participaram do encontro o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello; membros da bancada federal paranaense; o secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto Gebrim Preto; o deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), Dr. Batista (DEM); o prefeito de Pérola (PR) e presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Darlan Scalco; e o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná (Cosemspr), Carlos Alberto de Andrade.

Para Ventorim, o momento é de dificuldade, não só pela curva de casos que vem crescendo, mas também com o risco de rupturas de estoque de materiais e medicamentos, por exemplo. Ele ressaltou, ainda, que materiais específicos para entubação também têm sido difíceis de encontrar, assim como respiradores, monitores, bombas de infusão, entre outros.

Outra dificuldade apontada pelo presidente da Femipa é com relação aos recursos. Segundo ele, existem algumas travas burocráticas que impossibilitam o acesso por parte dos hospitais a recursos disponibilizados em portarias. “Precisamos quebrar essas travas, mantendo, obviamente, a licitude da aplicação do recurso. Devemos trabalhar para reduzir a burocracia, porque a burocracia pode matar mais do que o vírus”, ressaltou.

Ainda sobre a questão financeira, Ventorim destacou a preocupação das instituições filantrópicas com os empréstimos bancários consignados. Apesar de não ser o melhor caminho, ele afirmou que muitos hospitais têm se mantido dessa forma, já que o valor é debitado do recurso que é repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Eu sou contrário ao consignado, pois acredito que precisamos de financiamento, de um modelo estruturado para o SUS, especificamente para o modelo filantrópico. Nós estamos na dependência de bancos, porque, infelizmente, a remuneração é insuficiente. Temos que buscar um modelo de remuneração, mas também um modelo de sustentabilidade para os hospitais. Precisamos definir o papel de cada modelo de hospital. Faço um apelo para que a questão do consignado seja trabalhada de forma positiva, pela manutenção do modelo por enquanto. Não quero dizer que bancos não são o melhor modelo para a Saúde, mas, sim, que o modelo é o financiamento adequado, com boa prestação de serviço por quem faz bem”, reforçou.

Sobre o assunto, ele lembrou, ainda, que os hospitais filantrópicos paranaenses são responsáveis, hoje, por 50% do atendimento hospitalar do Sistema Único de Saúde, chegando a mais de 80% na alta complexidade e a 90% nos transplantes. Na avaliação do presidente da Femipa, os Estados que contam com entidades filantrópicas de Saúde sabem a diferença que esses hospitais fazem no atendimento à população.

“As instituições de Saúde filantrópicas são os grandes movimentos sociais desse país. A sociedade se organizou para atender a própria sociedade. Sabemos que o Ministério da Saúde sempre esteve de portas abertas e continua assim, por isso fazemos um apelo ao ministro e sua equipe, que nos ajude. Conseguimos, por exemplo, taxas de juros melhores nos bancos privados do que nos bancos oficiais do governo. Também precisamos da liberação dos consignados para poder resolver a questão imediata, num curto e médio prazo. Entendemos que isso pode ser revisto assim que regularizarmos o financiamento”, salientou.

Por fim, Flaviano Feu Ventorim agradeceu o apoio de toda a bancada federal paranaense, que tem trabalhado para garantir a aprovação de projetos importantes e fundamentais para a manutenção dos hospitais.

“Estamos passando por um momento sui generis na história desse país. Em meio a uma pandemia, jamais imaginei que pudéssemos enfrentar dificuldades financeiras. A situação está difícil, e o dinheiro precisa chegar nos hospitais. Sabemos do esforço do Ministério da Saúde, da bancada federal, do presidente da República, e contamos com as autoridades.  Particularmente, acredito na estratégia, no conhecimento. Espero que, em breve, possamos comemorar o quanto acertamos nesse momento difícil”, concluiu.

Estratégia do Paraná

Durante a reunião, o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, apresentou a estratégia do Governo do Estado na ampliação de leitos, bem como dados sobre a situação regional durante os quatro meses da pandemia, período em que foram abertos 933 leitos de UTI.

“Este diálogo entre Ministério e Estado é extremamente importante para que possamos expor a atual situação do Paraná no enfrentamento à pandemia, além de pleitearmos alguns pedidos a Bancada Federal”, disse o secretário.

Além do pedido de equipamentos hospitalares, a renovação e ampliação de novos leitos de UTI e o direcionamento de insumos, testes e medicamentos foram alguns dos pontos tratados no encontro.

“Hoje somos o segundo Estado que mais testa em números absolutos. Agradecemos a parceria do Governo Federal neste sentido, pois recebemos insumos que possibilitaram essa testagem, além de equipamentos que auxiliaram na abertura de novos leitos para atendimento à população”.

Aproveitando a ocasião, o ministro da Saúde interino, Eduardo Pazuello, reforçou a importância de ouvir os Estados, saber as medidas que estão sendo tomadas e analisar as demandas. Ele destacou, ainda, que nesse momento já é possível saber o que deu certo e o que deu errado.

Segundo ele, o Ministério da Saúde vem acompanhando os Estados, e todas as informações estão sendo disponibilizadas no “Localiza SUS”, no site do Ministério, assim como todas as orientações da pasta, com gráficos, tendências estudadas etc.

“Tudo isso está disponível para fazer comparações, pois o país e os números precisam ser olhados regionalmente. Sabemos que a solução para a pandemia é a vacina, mas enquanto não temos isso, precisamos nos preparar, acompanhar os estados, reforçar nossos gestores no que precisarem e, principalmente, trabalhar em equipe para salvar vidas”, completou.

Também participaram da reunião e fizeram o uso da palavra os deputados Toninho Wandscheer (PROS/PR), líder da bancada federal paranaense; Leandre (PV/PR), que propôs a audiência; Rubens Bueno (Cidadania/PR); Ricardo Barros (PP/PR); Aline Sleutjes (PSL/PR); Schiavinato (PP/PR); Antonio Brito (PSD-BA), presidente da Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas; Luiz Antonio Teixeira Junior (PP-RJ), presidente da Comissão Externa da Câmara para o Coronavirus; Carmen Zanotto, presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde e relatora da Comissão Externa de enfrentamento ao Coronavírus; além de deputados de outros Estados.

A gravação da reunião está disponível neste link.

Fonte: Assessoria de Comunicação Femipa