Nessa quarta-feira, 19 de maio, o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, participou do Webinar Femipa 2021, trazendo um panorama da pandemia até o momento e o agravamento da situação epidemiológica do Estado com a nova cepa, mais conhecida como a variante amazônica. Até o dia 18 de maio, o Paraná teve 1.000.026 casos confirmados, número equivalente a quase 10% da população do Estado, com 24.614 óbitos. Em termos de vacinação, foram recebidas 4,8 milhões de doses. Porém, menos de 20% da população está vacinada.

Hoje, o Estado conta com 1.900 leitos de UTI adulto e 2.800 leitos de enfermaria clínica exclusivos COVID no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Filipak, esse número é elevado, considerando que o Estado tem, no total, 3.500 leitos destinados ao SUS, tanto de UTI como de unidades intermediárias.

“Temos praticamente dois mil leitos exclusivos para COVID. Restam 1.500 leitos de terapia intensiva para o restante das urgências, e isso mostra a gravidade da situação atual. Nosso enfrentamento à pandemia ainda vai durar muitos meses, até termos cobertura vacinal para reduzirmos o risco de contaminação ou, pelo menos, de agravamento dos casos. A nova variante amazônica é responsável pela imensa maioria dos contaminados no primeiro trimestre de 2021. Foi uma explosão de contaminação a partir de novembro”, destacou.

Ainda de acordo com o diretor da Sesa, desde fevereiro, a ocupação está, em média, maior que 95%. “Com uma ocupação acima de 90%, a situação é praticamente a mesma de uma ocupação plena. Para uma única doença, temos mais de cinco mil pacientes internados simultaneamente. Da nossa capacidade total de leitos do Paraná, que é de 33 mil leitos entre privados e públicos, quase 20% dos leitos disponíveis estão comprometidos com uma só doença infecciosa. É mais do que o dobro do pico do nosso pior período no inverno de 2020. Tivemos 2.300 pacientes e hoje estamos mais de 100% acima daquela ocupação”, revela.

Conforme Filipak explicou, a cada 100 pacientes confirmados, aproximadamente 10% precisarão de internação – desse número, 40% utilizarão terapia intensiva e 60% ficarão em leitos clínicos. Isso quer dizer que uma redução de casos novos de uma semana para outra projeta uma redução da pressão por internação, mas não imediatamente.

“As linhas de ocupação de terapia intensiva e de leito clínico seguem o número de casos novos. À medida que reduzimos o número de casos novos, a pressão de internação é menor. Aumentam os casos novos, aumenta a pressão de internação. Com a variante amazônica, que é mais grave, não tivemos diminuição na taxa de ocupação de terapia intensiva, mesmo com a redução do número de pacientes novos semanais. Isso acontece porque, agora, os pacientes têm maior tempo de permanência do que os pacientes do ano passado. São essas informações que embasam a nossa discussão para retomada dos procedimentos eletivos”, ressaltou.

Gravidade da situação – Vinicius Filipak apontou, ainda, a alta taxa de mortalidade em pacientes que necessitam de terapia intensiva. Outro dado alarmante apresentado pelo diretor de Gestão em Saúde da Sesa é com relação à lista de espera: do início de abril até o dia 18 de maio, o número chegou a 798 pacientes em fila de espera. Segundo Filipak, parte desses pacientes é absorvida – cerca de 500 pacientes são internados diariamente entre leitos gerenciados por Curitiba e leitos gerenciados pelo Estado -, mas o número de pacientes novos é maior do que a capacidade de absorção do sistema de saúde. “Isso projeta um crescimento constante da fila de espera”, reforçou.

Procedimentos eletivos – de 2019 para 2020, houve redução de mais de 50% o número de procedimentos hospitalares eletivos na gestão estadual e pouco menos de 50% na gestão municipal. A produção ambulatorial apresentou uma redução de cerca de 30%. Já no atendimento de urgência, não houve impacto. No total de procedimentos cirúrgicos em 2019, 44% foram eletivos. Em 2020, do total de procedimentos realizados, os procedimentos eletivos somaram 29%.

De acordo com o diretor da Sesa, com o atual cenário de ocupação de leitos e com a demanda assistencial, não há possibilidade de o Estado retornar os eletivos, principalmente nos próximos 60 dias. Porém, ele reforça que a Secretaria não restringiu a decisão médica, na indicação pela gravidade e pelo risco potencial.

“As direções técnicas das unidades de Saúde têm total liberdade para referendar um procedimento eletivo se houver o viés de risco iminente. No entanto, não há condição de retomarmos os procedimentos eletivos de forma geral. Estamos em um período tenso por conta da superlotação. Sabemos que esse equilíbrio é muito difícil, mas as projeções mostram que não há possibilidade. Enquanto não aumentar a vacinação, não observarmos um fenômeno de redução percentual de internamento de idosos e isso não se manifestar em outras faixas etárias também, continuamos com a pressão de internar e isso congela nossa capacidade de reação e reorganização”, avaliou.

Segundo Filipak, o governo tem enorme preocupação com o retardo no processo de investigação de doenças e no processo cirúrgico eletivo, pois “o eletivo hoje é a urgência de amanhã”, e o receio do Estado é que a capacidade assistencial remanescente do sistema de Saúde não dê conta.

“Nossa estimativa é de que, para cada ano de represamento eletivo, demoraríamos de dois a três anos para conseguir, no âmbito SUS, operar os atrasados. Justamente prevendo isso, decidimos não restringir nenhum procedimento ambulatorial, já que o maior volume de eletivos é ambulatorial no SUS”, explicou.

Com relação ao assunto, o vice-presidente da Femipa, José Pereira, reforçou que a preocupação é que a diminuição de cirurgias que são consideradas eletivas, mas de maior gravidade, como as cardíacas e oncológicas, cria uma demanda reprimida.

“Os hospitais vêm sofrendo pressão dos pacientes, dos médicos, e a fila só aumenta. Já tínhamos um número elevado de cirurgias e nossa preocupação é com o volume depois de mais de 14 meses parados. Quanto à segurança, os hospitais estão mais preparados para receber esse gradativo movimento de cirurgias eletivas. Precisamos considerar uma retomada. Isso é premente, é urgente, não só pela demanda, mas também pela questão financeira, pois os hospitais precisam recuperar essa economia. Não fosse a ajuda do governo federal e estadual, remunerando pela disponibilidade, muitos teriam fechado. Por isso, precisamos encontrar um equilíbrio”, reforçou.

Para encerrar a palestra no Webinar Femipa 2021, Vinicius Filipak reforçou a necessidade de medidas para conter o avanço da doença.

“Só há 3 medidas que podem reduzir o risco. A primeira delas é absolutamente individual, que é usar máscara, higienizar as mãos e manter distanciamento social, e isso depende da consciência e aderência da pessoa. A segunda é a vacinação. O terceiro caminho, quando a medida individual de proteção não é respeitada e a vacinação não caminha como gostaríamos, é escolher medidas compulsórias para fazer com que as pessoas evitem ambientes de proximidade. Entendemos que, sem a economia, a saúde também não pode caminhar, mas os ambientes com proximidade de pessoas potencialmente contaminadas propicia o aumento da contaminação. Por isso, infelizmente, algumas decisões precisam ser tomadas dentro de uma certa razoabilidade”, completou.

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Maureen Bertol
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Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Interact Comunicação