A diretoria da Santa Casa de Paranavaí, que enfrenta um grave desiquilíbrio financeiro por conta da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, está preocupada com o atraso no repasse de recursos públicos. Um levantamento preliminar aponta que entre recursos anunciados pelo Governo Federal, emendas parlamentares pendentes e o faturamento dos novos leitos de UTI que foram credenciados para pacientes da C-19, o hospital tem mais de R$ 1,36 milhão a receber.

“A situação é muito delicada”, diz o diretor-geral do hospital, Héracles Alencar Arrais, referindo-se à queda de receita e “um acentuado aumento de despesas”, provocado principalmente pelo aumento do uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras, luvas, aventais, gorro etc e a majoração de preços destes produtos. Cerca de 30 dias atrás, o valor da máscara cirúrgica era 14 vezes maior em relação ao início do ano. Agora, já passa de 25 vezes.

“O aumento é na quantidade e no preço. Isto desequilibrou nossas finanças. A situação não é pior por conta das doações que recebemos, que mitigou um pouco os efeitos financeiros negativos da pandemia no hospital. Mas o déficit ainda é grande e não vemos perspectivas de melhorar a curto prazo”, diz o gerente financeiro da instituição, Marcelo Cripa.

Segundo ele, foi aprovada e sancionada uma Lei que garante uma ajuda emergencial de R$ 2 bilhões para as santas casas e outros hospitais filantrópicos. Pela lei, a Santa Casa de Paranavaí teria um reforço de caixa de mais de R$ 600 mil. “Mas até agora não veio nada”, diz Cripa.

Arrais, que participa da diretoria da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), teme que os recursos não cheguem aos hospitais ou, se chegar, em valor menor ao anunciado. Isto porque o Ministério da Saúde baixou portaria sobre os critérios de distribuição dos R$ 2 bilhões, que pode prejudicar o Paraná. “A Femipa e a nossa Confederação, a CMB, estão intercedendo junto ao Ministério da Saúde para que seja revista a referida portaria”, relata o diretor-geral.

EMENDAS – Além destes recursos do auxílio emergencial, a Santa Casa espera desde dezembro a liberação de R$ 428 mil referente a duas emendas parlamentares. Como Paranavaí não tem a gestão plena da saúde, estes recursos são repassados através do Governo do Estado. “Os recursos já teriam sido liberados pelo Ministério da Saúde, mas ainda não chegaram ao caixa da Santa Casa”, pontua o gerente.

Outra fonte de recurso é da nova UTI, com 10 leitos, implantada para atender os pacientes de Covid. O Ministério da Saúde credenciou estes leitos e a primeira fatura foi de R$ 320 mil. “Já mandamos a Nota Fiscal, mas ainda não recebemos nada”, acrescenta Cripa.

Referência para pacientes da Covid e de outras enfermidades de média e alta complexidade para a população de 28 municípios, estimada em cerca de 300 mil habitantes, a Santa Casa de Paranavaí tem, em média, cerca de 80% dos seus leitos destinados ao SUS, cuja tabela de remuneração está defasado há vários anos, o que gera déficit financeiro mensal. Com o atendimento particular e de convênios, que ocupa cerca de 20% dos leitos do hospital, há um superávit, mas sequer cobre o déficit geral, apenas reduz.

“Tenho participado de reuniões diárias da Femipa e mantido contato com a CMB, na expectativa da liberação destes recursos, que não vão cobrir o nosso déficit, mas vão aliviar a situação. As doações que recebemos não cobrem o prejuízo do sistema público e a cada dia que passa, a cada atendimento que o hospital faz para o SUS, mais aumenta o desiquilíbrio financeiro”, sentencia Arrais.

Fonte: Santa Casa de Paranavaí