A doença renal crônica atinge crianças também e, por isso, esse é um alerta no Dia Mundial do Rim, lembrado em 10 de março. Muito se fala da doença renal crônica (DRC) em adultos, que afeta uma em cada dez pessoas no mundo. Mas é preciso lembrar que a DRC afeta as crianças, provocando um forte impacto no desenvolvimento e qualidade de vida delas. Trata-se de uma doença silenciosa e que não tem cura, quando os sintomas aparecem significa que já está em estágio avançado.

Mas o diagnóstico precoce pode controlar ou retardar a progressão da DRC, na maior parte dos casos. Por isso, a importância de se levar mais informações às famílias sobre como a doença renal crônica atinge crianças. O alerta é feito pela nefropediatra Rejane Bernardes, da clínica Nefrokids, localizada em Curitiba (PR) e especializada no tratamento infantil de crianças portadoras de doenças renais. “Nossa missão é a prevenção da lesão renal, e naquelas crianças que já apresentam alguma lesão, vamos evitar a evolução desse quadro para que elas possam ter uma vida normal e não passem ao estágio cinco da doença, no qual precisam de diálise e transplante”, afirma.

Na infância e adolescência, a incidência de pessoas acometidas pela doença é menor. Por isso existem poucos estudos de prevalência da DRC nesta faixa etária. No entanto, pontua a especialista, o impacto da doença é enorme nas crianças. Diferente do adulto, quase 50% dos casos de DRC na infância tem como causa as malformações de trato urinário e as disfunções de trato urinário. Estas condições se manifestam com dificuldades no desfralde, infecções urinárias, refluxo de urina para os rins, incontinência urinária noturna (xixi na cama) ou diurna, hipertensão arterial que, muitas vezes, recebem um tratamento tardio, quando já apresentam algum grau de comprometimento renal.

Sobre como doença renal crônica atinge crianças, a média ainda informa que a perda de função renal em estádio avançado envolve vários órgãos e sistemas, como cardiovascular, endocrinológico, hematológico, neurológico, além de distúrbios eletrolíticos, do metabolismo ácido-básico e atraso no desenvolvimento.

Diagnóstico de alteração do trato urinário ainda na barriga da mãe

Segundo a nefropediatra, muitas gestantes são encaminhadas para clínica com o ultrassom dos rins do bebê alterados, possibilitando o acompanhamento desde o nascimento.  “Infelizmente, em outros casos as crianças chegam com histórico de infecções urinárias recorrentes, e já apresentam algum grau de lesão renal, refluxo de urina para os rins, hipertensão arterial. Mas aí ainda assim podemos atuar evitando progressão das lesões”, explica.

Nos casos de bexiga neurogênica, que são crianças que geralmente apresentam paralisia cerebral, mielomeningocele ou outras doenças neurológicas, quanto mais cedo atuar, menor risco de alteração dos rins. Outras doenças renais de origem genética ou adquiridas na infância não podem ser prevenidas, mas o diagnóstico e tratamento precoce pode retardar a progressão da doença.

Por isso, é muito importante que os pais fiquem atentos a presença de sinais ou sintomas urinários, como alteração de exame de urina com perda de proteína, sangue ou presença de leucócitos aumentados, pressão arterial aumentada, inchaço, incontinência urinária, infecção urinária – especialmente nos primeiros anos de vida – alteração no ultrassom pré-natal, além de dedicar uma atenção maior à criança diabética.

Fonte: Saúde Debate