Em tempos de pandemia do coronavírus (COVID-19), tomar determinados cuidados tem sido fundamental para conter a disseminação da doença e preservar a saúde. E para as crianças que nascem com doenças cardíacas, as recomendações não são diferentes. Por isso, neste 12 de junho, Dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita, o Hospital Pequeno Príncipe reforça a importância do autocuidado para crianças e adolescentes com essas enfermidades, que são caracterizadas pela malformação na estrutura ou na função do coração.

A cardiologista pediátrica Cristiane Binotto, que atua no Pequeno Príncipe, ressalta que, além da higiene das mãos, uso de máscara e da prática do distanciamento social, outros cuidados precisam ser praticados. “É necessário ver a criança como um todo e entender que ela tem alterações que fazem parte da idade. Por isso, é preciso manter o calendário vacinal em dia e comparecer às consultas regulares do paciente, tomando todos os cuidados. A prevenção é fundamental”, afirma.

Segundo a médica, por ser uma doença nova, ainda não há informações sobre os reais riscos de complicações da COVID-19 para as crianças e os adolescentes com cardiopatias, mas pode-se traçar um paralelo com o que é observado quando esses pacientes contraem infecções causadas por outros vírus, como o Influenza e o vírus sincicial respiratório. “Em geral, a evolução dessas doenças é benigna. Mas os pacientes com cardiopatias cianóticas e as hemodinamicamente significativas que ainda não passaram por correção cirúrgica devem tomar um cuidado especial, pois podem ter um comprometimento pulmonar com repercussão negativa”, alerta.

De acordo com um documento publicado em conjunto pela Sociedade Brasileira de Pediatria, pelo Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e pelo Departamento de Cirurgia Cardiovascular Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, esses casos mais graves são observados em pacientes com insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar, por exemplo. Eles podem apresentar um agravamento das condições ventilatórias de forma mais precoce e intensa quando atingidos pela COVID-19.

Saiba mais sobre as cardiopatias congênitas

As cardiopatias congênitas afetam 30 mil bebês todos os anos no Brasil e são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos antes do 30º dia de vida. As doenças afetam oito bebês a cada 1.000 nascidos vivos, sendo que de um a dois casos são de recém-nascidos que têm cardiopatias ducto-dependentes, sendo que esses bebês precisam de cirurgia logo quando nascem ou de intervenção hemodinâmica.

A malformação na estrutura ou na função do coração pode ser descoberta ainda na gravidez, por meio de exames, e tratada no início da vida da criança. Por isso, o acompanhamento pré-natal e as consultas periódicas com um pediatra são fundamentais para obter o diagnóstico precoce e garantir o tratamento adequado da doença.

Conheça os sinais que podem indicar uma cardiopatia congênita:

  • Em bebês: pontas dos dedos e/ou língua roxa; transpiração e cansaço excessivos durante as mamadas; respiração acelerada enquanto descansa; dificuldade em ganhar peso; e irritação frequente e choro sem consolo.
  • Em crianças: cansaço excessivo durante a prática de atividades físicas e dificuldade em acompanhar o ritmo de outros meninos e meninas; crescimento e ganho de peso de forma não adequada; infecções pulmonares repetitivas; lábios roxos e pele mais pálida quando brinca muito; coração com ritmo acelerado; e desmaio.

Sobre o Serviço de Cardiologia do Pequeno Príncipe

O Serviço de Cardiologia do Hospital Pequeno Príncipe, criado há mais de seis décadas, recebe pacientes de todo o Brasil e é referência nacional em atendimentos a recém-nascidos com até 29 dias de vida. A instituição foi responsável, por exemplo, pelo primeiro transplante cardíaco pediátrico realizado com sucesso no Paraná. A equipe do serviço realizou, somente em 2019, 8.536 consultas, 491 cirurgias – sendo 71 em pacientes com até 30 dias de vida –, dois transplantes de coração e 44 transplantes de válvulas cardíacas.

Fonte: Hospital Pequeno Príncipe