O relógio marcava seis horas desta quarta-feira (1), feriado do Dia do Trabalho, e os arredores da Praça Afonso Botelho, em Curitiba, já estavam ocupados por uma multidão. O traje dos madrugueiros era o mesmo: tênis de corrida e uma camiseta com a frase The Hardest Run estampada no peito. O clima era de euforia.

Às 7h20, em ponto, tudo o que se ouvia era o tilintar dos calçados no asfalto. Dez mil corredores em prol de uma causa só, a construção do Erastinho, o primeiro hospital oncológico pediátrico do Paraná, e que será mais um braço do Hospital Erasto Gartner.

De tanta gente, foi preciso trinta e um minutos de largada. E o pódio não importava. O que estava em jogo ali eram os nomes gravados nas pulseiras dos corredores: Vitória, Luiz, Gabriela, Pedro, Camila e muitos outros, todos pacientes em tratamento do Hospital Erasto Gartner e que buscam no Erastinho mais um caminho para a cura do câncer.

Essa mesma esperança e vontade de fazer acontecer fez Mariana Nunes, de 33 anos, e Jaelson Nunes, 37, levantarem cedo da cama. Eles levaram também o filho de três meses de idade para o evento. No pulso dos corredores estava gravado “Arthur”. “A gente se coloca no lugar do outro sempre. É uma emoção estar aqui e optamos por vir com a família completa. A causa nos sensibiliza muito”, explicaram.

A alegria de poder contribuir, e de alguma forma agradecer o trabalho realizado pelo hospital na cidade, inspirou também os estudantes Luigi Faxina, de 23 anos, e Rhuan de Araújo, de 22. “Um parente meu já fez tratamento no Erasto. Foi muito bem recebido. A gente, que está saudável, precisa fazer alguma coisa para mostrar a nossa gratidão e a nossa vontade de apoiar”, explicou Araújo.

Superação

A atleta Almira Castilhos de Lima, de 80 anos, também correu. Com 19 maratonas no currículo, ela declarou que tem muito a contribuir. “Eu vim para doar um pouco da minha energia para o Erastinho. Isso aqui é uma festa que reúne todas as idades e todas as pessoas”, explicou.

Energia essa que emocionou a aposentada Sandra Maria Zoto, de 55 anos.  Ela, que anda com a ajuda de muletas desde que foi acometida por uma poliomielite, também foi para a prova. “Eu sempre quis estar no meio do povo, sentir esse calor e essa força, estou encantada. Estou gostando tanto que acho que logo faço minha inscrição para uma próxima caminhada”, disse.

R$ 1 milhão

A inscrição para a The Hardest Run custava R$ 100 e estava esgotada há mais de um mês. No total, R$ 1 milhão foi arrecado para a construção do Erastinho. Além disso, outras iniciativas paralelas estão acontecendo para fazer do hospital uma realidade, como a rifa de um carro, um exemplar do clássico MP Lafer, doado por um colecionador.

Na prova desta quarta-feira (1) os atletas puderam escolher participar em três trajetos: uma caminhada de 3 quilômetros, uma corrida de 5 quilômetros e uma de 10 quilômetros.

A The Hardest Run foi idealizada pelo maratonista Marcelo Alves.

 

Fonte: Gazeta do Povo