O médico anestesiologista Luiz Fernando Falcão, de São Paulo, esteve na Santa Casa de Londrina ensinando um protocolo anestésico sem o uso dos analgésicos opióides, as drogas da classe da morfina. Mais segura, a anestesia opioid free reduz os sintomas no pós-cirúrgico, contribuindo para uma rápida recuperação e, portanto, reduzindo o tempo de internação do paciente. O protocolo é indicado principalmente para pacientes de cirurgia bariátrica por videolaparoscopia.

Falcão é  professor e chefe do Serviço de Anestesiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de atuar em hospitais da capital paulista. Ele se aperfeiçoou no protocolo da opioidfree na Bélgica, em 2016, em um curso no Hospital AZ Sin-Jan, em Bruges, referência mundial em cirurgia de obesidade. A proposta apresentada a médicos e residentes da Santa Casa no final de julho é mudar a estratégia anestésica, com uma analgesia multi-modal que atende, segundo o médico, os quatro pilares da anestesia – paciente não ter dor, dormir, não se mexer e não ficar hipertenso – isso tudo sem opióides.

Náuseas, vômitos e dificuldades respiratórias são sintomas pós-cirúrgicos comuns da maioria das medicações anestésicas. “Os obesos normalmente já sofrem com a apneia do sono, portanto os riscos de complicações pulmonares já são maiores. Na bariátrica, o paciente opera o estômago, eu não quero que ele force a sutura por conta de vômito”, exemplifica o especialista. Por esses riscos aumentados, um paciente bariátrico acaba ficando, em média, entre 48 e 72 horas internado no pós-cirúrgico. Na Santa Casa de Londrina essa recuperação inclui um dia de terapia intensiva (UTI).

Rápida reversão do relaxante – Outro diferencial da técnica é o bloqueio muscular profundo, propiciando maior relaxamento dos músculos e facilitando o trabalho da equipe cirúrgica.  “Isso encurta o tempo de cirurgia e resulta em menos dor para o paciente no pós-cirúrgico”, afirma o anestesiologista da Santa Casa, Marcos Parron Fernandes.

Isso é possível pelo uso de uma medicação de última geração que faz uma reversão rápida e segura da ação do relaxante muscular.Normalmente um paciente leva em torno de 1 hora para recuperar a força muscular após a anestesia. Com essa medicação, segundo os médicos, a reversão é feita 3 minutos. “Em 2 horas o paciente já pode sair da cama e deve ser estimulado a andar no quarto”, afirma.  A alta, segundo Falcão, ocorre entre 8 e 12 horas depois, sem necessidade de UTI. “No final todos ganham. Os médicos ganham em segurança. O paciente tem mais conforto. O hospital faz o leito rodar mais rápido, operando mais por um custo menor”, argumenta.

Hoje, segundo Falcão,  ainda são poucos centros no Brasil que usam essa estratégia anestésica. Ele cita que no Rio de Janeiro já se usa na oncologia. Na passagem por Londrina, o anestesiologista apresentou o protocolo também no Hospital Universitário e no Hospital Evangélico.

Fonte: Assessoria de Comunicação ISCAL