O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, iniciou o projeto Rehab Ventilação Mecânica Brasil, um estudo que visa estabelecer protocolos de prevenção e cuidados para o paciente com insuficiência respiratória aguda com registro de baixo nível de oxigênio no sangue (hipoxemia) por COVID-19 ou outras causas – como influenza sazonal, pneumonias bacterianas, tuberculose etc. Para isso, serão analisados 3 mil indivíduos que passaram por internações em 20 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de hospitais de todo o Brasil com quadro de insuficiência respiratória aguda com uso de ventilação mecânica. A pesquisa, conduzida pelos hospitais Moinhos de Vento e Israelita Albert Einstein, também avalia o impacto que o conjunto de ações voltadas à reabilitação precoce tem na qualidade de vida destas pessoas.

Na UTI, serão realizadas ações com foco na prevenção de sequelas da ventilação mecânica, como proporcionar controle adequado da dor, diminuição de sedativos (quando possível), reduzir o tempo de ventilação mecânica, prevenir o delirium, mobilização e retirada de dispositivos desnecessários. Na alta da UTI para enfermaria, o paciente será avaliado e terá um plano de reabilitação personalizado para atender suas necessidades nutricionais, psicológicas e de reabilitação física e fonoaudiológica, tendo esse plano renovado quando estiver de alta para o domicílio, podendo receber os cuidados via telemedicina por até dois meses após a alta hospitalar.

Após esta etapa, a equipe de pesquisadores fará contato com estes pacientes para avaliar seus desfechos clínicos três meses após a alta hospitalar. Por meio de entrevistas periódicas, serão avaliados os seguintes fatores: qualidade de vida, incluindo sintomas de ansiedade e depressão, função cognitiva, capacidade física-funcional, entre outros relacionados às condições citadas.

De acordo com Geraldine Trott, líder do projeto pelo Moinhos de Vento, a necessidade do uso da ventilação mecânica tem se mostrado como principal preditor de sequelas em longo prazo. “Ou seja, no caso dos pacientes de Covid que passaram por UTI, o principal fator relacionado a sequelas em longo prazo foi ter necessitado de ventilação mecânica durante a internação. Por isso, também vamos analisar os demais quadros, que são considerados suspeitos do novo coronavírus e, na análise estatística, faremos uma subanálise com os participantes que testaram positivo”, explica.

Maura Cristina dos Santos, líder do projeto pelo Einstein, afirma que a iniciativa é essencial por conta do volume de casos e que a telemedicina será fundamental para a condução da pesquisa, especialmente após a alta. “Por meio de conexões programadas, atendimentos e suporte técnico, os profissionais de saúde irão garantir que os protocolos de reabilitação sugeridos, que incluem ações em UTI, enfermaria e pós-alta, estejam sendo realizados para proporcionar o melhor resultado ao paciente acompanhado. Ao final, espera-se contribuir para que os pacientes retornem às suas atividades sociais, à família e ao trabalho o mais breve possível, com o mínimo de sequelas”, afirma. Os protocolos criados pelo projeto para o atendimento destas pessoas poderão ser replicados em outros hospitais do país, beneficiando um número ainda maior de pessoas e, os resultados da pesquisa, basear novas políticas em saúde, aumentando o acesso a cuidados com melhores desfechos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são mais de 33 manifestações que caracterizam a Covid Longa, sendo as mais comuns a fadiga, tosse persistente, dificuldade para respirar, problemas cognitivos e até transtornos mentais. Por vezes, resultam em um comprometimento funcional, que limita a capacidade de a pessoa realizar atividades da vida diária, afetando o desempenho profissional e prejudicando as interações sociais.

Embora este quadro seja mais comum em pacientes considerados graves, um estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou que metade das pessoas diagnosticadas com o vírus tiveram sintomas, que podem durar mais de um ano1. Devido ao alto número de pessoas acometidas e ao comportamento ainda pouco compreendido dos sintomas, a Covid longa ainda está sendo analisada em âmbito global por diversas entidades e organizações.

O projeto Rehab Ventilação Mecânica Brasil prevê o acompanhamento dos pacientes desde a sua internação na UTI até três meses após a sua alta hospitalar, sendo que, antes e após a intervenção, serão avaliados o tempo de permanência hospitalar, taxa de reinternação e outros fatores de qualidade de vida relacionados à saúde. A iniciativa teve início em abril de 2022 e será concluída até o final de 2023.

*Informações Assessoria de Imprensa

Fonte: Saúde Debate