A programação desta manhã do 9º Seminário Femipa está trazendo as salas temáticas, que são muito aguardadas pelos participantes por trazerem assuntos pertinentes ao dia a dia das instituições de Saúde, além de experiências de sucesso dos hospitais. Na Sala 3, que teve como tema principal a “Qualificação de serviços de Saúde”, Lilian Kaiber Buse, diretora executiva do Hospital Municipal de Araucária, falou sobre a “Implantação do gerenciamento de risco – segurança do paciente”, completa dois anos este ano. De acordo com Lilian, o primeiro passo para implantar um projeto de gerenciamento de riscos é fazer um bom planejamento.

Inaugurado em 2008, o hospital atende baixa e média complexidade, exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A direção definiu o modelo assistencial centrado no paciente e, por isso, a instituição utiliza as mais conceituadas ferramentas de gestão para garantir a segurança dos pacientes e a qualidade em todo o processo assistencial. Na parte de gestão da clínica, dentro do projeto de gerenciamento de risco, foram definidos quais seriam os riscos a partir de um mapeamento dos processos por setores. Além disso, a direção também avaliou quais as lacunas dos processos e as probabilidades de risco.

“E não fizemos isso sozinhos; envolvemos gestores e colaboradores, além da área de Qualidade e a direção. Depois do mapeamento, definimos fatores de riscos e quais as práticas de controle para que isso risco não aconteça. São ações das equipes assistenciais. Fazemos a avaliação do risco a partir da auditoria do risco”, revelou.

Dentro do planejamento estratégico, Lilian comentou que o hospital sempre teve um envolvimento grande da direção e de todas as gerencias, mas era preciso um setor que organizasse tudo. Por isso, foi criado o Núcleo de Gestão da Qualidade, setor responsável por fazer o gerenciamento de documentos, monitoramento das ocorrências, acompanhamento de indicadores, acompanhamento dos planos de ação, acompanhamento das comissões, gerenciamento de processos, interação de processos, auditorias internas e gerenciamento dos riscos. Segundo a diretora executiva, cada processo que é estruturado, o núcleo faz treinamento com as equipes.

“Hoje, a cultura dos colaboradores com relação ao gerenciamento dos riscos já está muito clara, e eles estão confiantes que estão executando as práticas para que o risco não aconteça. Não foi um processo fácil, estamos fazendo isso desde 2014, mas os resultados até aqui foram bastante satisfatórios”, declarou.

Dentro do sistema, o hospital definiu os riscos e os fatores de risco, ou seja, o que gera esse risco, para que fosse possível entender o mecanismo e chegar às praticas de controle, quais ações serão tomadas para evitar que o risco aconteça. Para isso, alguns itens eram necessários: envolvimento da alta direção; foco no paciente; transparência; integração; proatividade; equidade; e geração de conhecimento. Na fase de mapeamento, verificaram-se 280 fatores de riscos, que poderiam desencadear 139 riscos. Para que esses 280 não acontecessem, foram desenvolvidas 303 praticas de controle. Todas as informações levantadas são colocadas no software de gestão da qualidade, inclusive a abertura de ocorrências. Quem apresentou essas informações aos presentes no 9º Seminário Femipa foi Wilson Sergio de Quadros, coordenador do Núcleo de Gestão da Qualidade.

Na UTI adulto, por exemplo, foram mapeados inicialmente 10 riscos: queda do paciente, lesão por pressão, perda de cateter central, infecção corrente sanguínea, erro de medicação, infecção de sitio cirúrgico, broncoaspiração, extubação acidental, equipamento parado por defeito e infecção relacionada à ventilação mecânica. “Para a prática de controle, pegamos cada um desses riscos e quais ações poderiam evitar que o risco ocorresse. Também identificamos os fatores de risco”, explicou Quadros.

Na parte da parametrização do sistema, foram definidas sete classificações que ajudam a classificar o impacto de cada risco. A instituição também definiu a probabilidade do risco, classificada por pontuações. Dessa forma, para fazer o plano cartesiano, no eixo horizontal a classificação é pelo impacto, enquanto que no eixo horizontal a classificação é pela probabilidade. Para definir essa pontuação, cinco ferramentas foram utilizadas: aplicação do controle; abordagem do controle; tipo do controle; eficácia do controle; e análise do indicador.

Com base em todas essas informações, a auditoria é feita a cada três meses, e dentro de cada setor, o sistema apresenta um painel de gestão à vista. Além da comissão de riscos, o hospital conta também com um núcleo de segurança do paciente, que trabalha em conjunto com a comissão de gerenciamento dos riscos e da qualidade. O núcleo se reúne semanalmente para análise dos eventos adversos, das situações de risco, elaboração de planos de ação e acompanhamento das práticas de controle do risco. O médico também está inserido em todo o processo, porque ele precisa notificar, analisar o risco etc.

“Apesar de termos iniciado em 2014, ainda temos trabalhado nesse processo, e estamos colhendo os frutos. Tudo está muito alinhado com as equipes. Mas ainda queríamos saber como o hospital vê esse núcleo. Para isso, utilizamos uma pesquisa online a partir dos nossos questionamentos. Foram duas semanas para que os colaboradores acessassem a pesquisa e respondessem”, contou Lilian.

De acordo com Lilian, a satisfação dos usuários está em 93%, de acordo com pesquisas feitas pela ouvidoria do hospital e ouvidoria do município. Para finalizar, Lilian declarou que o caminho é grande, mas vale a pena.

“Estamos no começo para fazer todas as tratativas e chegarmos ao resultado que queremos atingir. A partir de janeiro, vamos iniciar o processo de habilitação do hospital. O que favoreceu todo o processo foi o histórico e cenário que os profissionais estavam inseridos. Todos os colaboradores são muito empenhados e bem envolvidos. Conseguimos fazer com que todos abraçassem a causa, e isso facilita muito o processo. Temos 410 colaboradores e 100 leitos. E a mensagem que deixamos é que ‘o que é bom pode ser melhorado, o que é excelente deve ser aprimorado, e o que esta sendo concebido deve surgir para surpreender’. Nosso hospital está de portas abertas e com certeza essa troca de experiências é muito importante para ampliar os conhecimentos de todos”, garantiu a diretora executiva.

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa