A segunda parte da programação da sala temática sobre Gestão da Infraestrutura e Logística Hospitalar desta quinta-feira (12) foi dedicada à apresentação dos cases finalistas do Prêmio Femipa de Melhores Práticas e Criatividade na categoria.

Em 2020, a terceira edição da premiação teve 24 projetos inscritos no total. Os mais pontuados foram selecionados para a apresentação oral no 13º Seminário Femipa.

A categoria de “Gestão da Infraestrutura e Logística” buscou reconhecer boas práticas de manutenção e gerenciamento de parque tecnológico, infraestrutura e insumos visando redução de custos nos hospitais.

Na Classe 1, dedicada a hospitais de até 100 leitos, foi selecionado o case “Melhoria do fluxo de entrega de medicamentos”, do Hospital de Olhos de Londrina (Hoftalon). Na Classe 2, o finalista foi o case “Gestão visual para distribuição de ordens de serviço de manutenção”, inscrito pelo Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), de Curitiba.

Saiba como foram as apresentações:

“Melhoria do fluxo de entrega de medicamentos” (Hoftalon)

O case do Hoftalon foi apresentado pela farmacêutica Rayssa Beloni. A profissional contou que o hospital oftalmológico, que realiza o fornecimento de medicamentos para glaucoma por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), estava enfrentando dificuldades de distribuição que vinham gerando atrasos, insatisfação de pacientes e despesas por descumprimento de prazos.

Rayssa Beloni, farmacêutica do Hoftalon

Até 2018, os pacientes precisavam ir ao hospital em dias distintos para se consultar e para retirar os medicamentos. Por conta do maior movimento gerado pelo processo, era difícil orientar os pacientes, que acabavam utilizando os remédios de forma equivocada. “Identificamos que era necessário mexer na logística desse fluxo para tornar as coisas melhores tanto para o paciente quanto para o hospital”, disse.

A equipe utilizou o sistema Lean para identificar e reduzir esperas e agendamentos desnecessários, além de realocar duas salas para a implantação de um guichê de entrega e uma Farmácia Clínica.

O retorno de cada paciente passou a ser necessário somente após três meses. Houve uma redução de 13% no fluxo diário de pessoas no ambulatório e melhora da satisfação dos pacientes, que também passaram a ser melhor orientados quanto à utilização dos medicamentos.

Ao evitar cobranças por conta do descumprimento de prazos de entrega do SUS, o hospital reduziu esta despesa em 98% entre agosto de 2019 e março de 2020. O gasto chegava a cerca de R$ 26 mil por ano.

“Conseguimos atingir todos os nossos objetivos. Tivemos a melhora da qualidade do nosso serviço e nossos pacientes ficaram muito satisfeitos”, contou Beloni.

 

“Gestão visual para distribuição de ordens de serviço de manutenção” (HNSG)

A apresentação do case do Hospital Nossa Senhora das Graças foi feita pelo gerente de engenharia da instituição, Alexandre Gutierrez. O gestor explicou que, em uma instituição com a complexidade e as dimensões de seu hospital — que possui 20 leitos de UTI e uma área de mais de 36 mil metros quadrados —, as demandas para a equipe de manutenção tornam-se desafiadoras. A quantidade média de ordens de serviço abertas por mês para o setor é de quase 1,8 mil, entre pedidos simples e solicitações para manutenção de equipamentos hospitalares.

Alexandre Gutierrez, gerente de Engenharia do Hospital Nossa Senhora das Graças

Visando reduzir processos exageradamente longos e desperdícios, a equipe também se valeu da filosofia Lean para otimizar seus processos. Para diminuir atrasos, foi implantado o sistema de controle Kanban. A equipe elaborou um painel de cores para determinar a prioridade das ordens de serviço, melhorando a gestão dos pedidos. “É extremamente visual”, explicou o gerente.

Segundo Gutierrez, a mudança produziu resultados positivos rapidamente. A melhoria de desempenho foi de 92% entre janeiro e junho de 2019, mesmo com um aumento de demanda de 40% no mesmo período.

“É um processo de simplificação aplicável na Manutenção de qualquer hospital. Não exige nenhuma ferramenta complexa e nenhuma instalação diferente. Não exigiu nem reforma, porque é um processo de gestão de serviços”, contou o engenheiro.

Fonte: Rafael Costa - Comunicação Femipa