Meu filho não vai andar? A dúvida, carregada de medo, é uma das primeiras que surgem assim que os pais recebem a notícia de que o bebê tem pé torto congênito. Esse e vários outros questionamentos foram motivo de um encontro entre cerca de 20 familiares de crianças com o problema. O evento, no final de junho, no Hospital Infantil Sagrada Família, em Londrina, foi conduzido pelo ortopedista pediátrico, Tiago Ikeda, especialista no assunto.

A boa notícia é: sim, o pé torto congênito tem tratamento. “O pé torto corrigido adequadamente permitirá que a criança ande e viva normalmente”, assegura o médico. O problema atinge, segundo Ikeda, quatro em cada 1.000 crianças. Elas nascem com um ou os dois pés totalmente virados para dentro. “Alterações no colágeno fazem com que o tendão puxe os pés para dentro”, explica o especialista. A incidência é duas vezes maior em meninos.

A segunda boa notícia é que o tratamento é disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), através do Programa de Erradicação do Pé Torto Congênito. Tiago Ikeda é o responsável pelo Programa no Hospital Infantil. Desde a implantação, há pouco mais de um ano, o Hospital é o único em Londrina e região a oferecer o tratamento pelo SUS e um dos 50 primeiros do Brasil a ser reconhecido por usar o Método Ponseti, recebendo a chancela de qualidade da Ponseti Internacional Association e Ponseti Brasil.

TÉCNICA NÃO CIRURGICA – O método Ponseti usa técnica não cirúrgica revolucionária, desenvolvida pelo ortopedista espanhol radicado nos Estados Unidos, Ignácio Ponseti, com mais de 50 anos de estudos. Ikeda explica que são três etapas de tratamento: 1ª – uso de gesso nas duas pernas com troca e manipulação semanal até que os pés fiquem estirados; 2ª – uso da órtese de Dennis-Brown, uma botinha, por 23 horas/dia; 3ª – uso da botinha somente para dormir. Segundo Ikeda, o tratamento pode chegar até os 4 ou 5 anos de idade, se iniciado ainda bebê.

“Os pais têm papel fundamental na eficácia do tratamento que precisa ser seguido rigorosamente para evitar recidivas”, ressalta o médico. Arthur, 5 meses, começou o tratamento quando era recém-nascido e já está na terceira fase. “Ele já pisa normal quando colocamos em pé. Está perfeito, mas precisa continuar o tratamento para não voltar”, ensina a mãe Karina Tofolete. A expectativa é que a recuperação total ocorra antes de Arthur ir pra pré-escola.

Laila, 7 anos, é considerada o maior desafio do médico. Ela é um caso de recidiva em que os pés se consolidaram tortos. Sob a guarda do avô, Moises Olegário dos Santos, o tratamento foi retomado há um ano. “Hoje vence o tempo da botinha no dia inteiro. Agora vai usar só à noite. Só tenho que agradecer a Deus por tudo”, emociona-se o avô. “Eu vou poder andar certinho. Não vou mais andar como antes, com o pezinho torto”, aposta Laila que quer ser bailarina.

SERVIÇO – O encaminhamento ao Programa de Erradicação do Pé Torto Congênito no Hospital Infantil é feito pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de Londrina. Vinte crianças estão em tratamento. Nove delas, na fase do gesso semanal.

Fonte: Assessoria de Comunicação ISCAL