A Inteligência Artificial está invadindo o nosso dia a dia e aos poucos vai ganhando espaço em áreas nunca imaginadas. A premissa de tentar resolver rapidamente um problema que poderia demandar muito tempo e esforço, juntamente com o objetivo de otimizar processos, fomenta esta inovação. E a saúde não escapou deste movimento. A Inteligência Artificial na Saúde busca promover a prevenção, melhorar o cuidado e auxiliar profissionais e pacientes em toda a jornada de tratamento. 

Já são inúmeras iniciativas da Inteligência Artificial na Saúde desenvolvidas no país. 

A empresa mineira Radio Memory desenvolveu um software, batizado de CEFBOT, que permite que diversas análises cefalométricas, de modelo e até cervicais, sejam feitas com apenas um clique, localizando os pontos cefalométricos em segundos nos exames de telerradiologia. O exame de cefalometria é muito usado para estudar a colocação de aparelhos ortodônticos nos pacientes. 

“Antes o dentista fazia com régua as medidas do crânio radiografado e, em meados da década de 1990, passou a ser no computador. Depois disso, passamos a desenvolver outros programas para fazer outras medições do crânio. E então, em 2019, lançamos essas mesmas medições, mas com inteligência artificial, que encontra os pontos automaticamente. O que antes demorava cerca de 20 minutos de trabalho de marcações manuais com o mouse no computador, com a nossa inteligência artificial os pontos já são marcados e os resultados saem instantaneamente”, conta o CEO da Radio Memory, Professor Fábio Matosinhos. 

A eficiência do software foi testada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), com o objetivo de verificar se a ferramenta proporciona a mesma precisão que a de uma pessoa em mapear os pontos do exame de cefalometria manualmente. No estudo foram escolhidos 66 pontos de referência e as dez medidas lineares e angulares selecionadas da análise de Arnett foram identificadas em cada radiografia por um examinador humano treinado e pelo CEFBOT. Para ambos os métodos, as anotações e medições dos pontos de referência foram duplicadas com um intervalo de 15 dias entre as medições e o coeficiente de correlação intraclasse (ICC) foi calculado para determinar a confiabilidade.

Conforme o teste realizado pela universidade, as medições realizadas pelo examinador humano e pelo CEFBOT não foram estatisticamente diferentes. Os resultados foram publicados na revista científica internacional National Library of Medicine – National Center of Biotechnology Information, em 21 de abril de 2021. 

Prevenção

A Inteligência Artificial na Saúde também visa a prevenção. A Starbem, healthtech provedora de telessaúde, lançou a ferramenta StarCheck, capaz de efetuar um check-up de saúde através da leitura de 30 segundos do rosto do paciente pela câmera frontal do celular, de forma gratuita aos usuários. 

Segundo a empresa, esta é uma tecnologia inovadora no país. Por meio da Inteligência Artificial, é possível aferir a pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, além de índice de estresse mental, entre outras informações. A partir destas informações, o aplicativo mede o potencial risco de doenças cardiovasculares.

Houve um investimento de quase meio milhão de reais da healthtech na nova tecnologia. A empresa afirma que a ferramenta de Inteligência Artificial na Saúde é validada pelo Journals of the American College of Cardiology (Jacc), periódico médico conceituado mundialmente que abrange todos os aspectos da doença cardiovascular.

O paciente precisa ter apenas um smartphone, uma tecnologia inovadora como a StarCheck, reforçando nosso alinhamento ao ODS3 da Organização das Nações Unidas (ONU), que busca assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos”, afirma Leandro Rubio, CEO da Starbem. Ele lembra que já está comprovado que as ferramentas tecnológicas aplicadas à saúde podem não só melhorar o estado clínico do paciente, como também prevenir complicações e diagnosticar precocemente um problema.

Diagnóstico

A Inteligência Artificial na Saúde pode ainda ajudar no diagnóstico precoce de pacientes. É o caso das doenças raras. Estima-se que 13 milhões de pessoas convivam com algum tipo de doença rara no Brasil, sendo que 25% nem saibam de sua condição, conforme projeções do Ministério da Saúde. Por isso, diagnósticos precoces e assertivos são essenciais. 

Com o avanço da tecnologia, mais precisamente da inteligência artificial, é possível avaliar de forma precoce hipóteses de doenças raras, seja identificando, excluindo ou até mesmo confirmando os diagnósticos. 

Exemplo disto é o MIDAS-MedFlow, módulo de inteligência artificial embarcado na Medkortex, plataforma de gestão em telemedicina desenvolvida pela GetConnect. De acordo com a empresa, por meio de de algoritmos avançados (redes neurais convolucionais), a solução guia o médico no momento da consulta para buscar o diagnóstico mais preciso possível, trazendo insights dos caminhos a seguir. Com base em perguntas que vão sendo sugeridas sobre sintomas e identificação dos sinais vitais, o sistema refina da melhor maneira possível as hipóteses. 

A ferramenta também sugere as doenças prováveis e traz as informações sobre cada uma delas, auxiliando na solicitação de exames, na decisão clínica e no caso das doenças raras. Estas são possibilidades que tradicionalmente poderiam não estar entre as hipóteses do médico. 

“Existem algumas doenças que demoram de três a cinco anos para serem diagnosticadas e a inteligência artificial permite agilizar esse processo. Quando um paciente chega com uma dor abdominal – que pode ter várias causas – o médico investiga o paciente e navega pelas várias árvores do sistema; assim então, começa a raciocinar com o aplicativo, o que o possibilita examinar diversas perspectivas. Detalhes que poderiam passar despercebidos podem surgir já na primeira anamnese – algo pode ocorrer, inclusive, via telemedicina”, ressalta Julio Cesar Gali Filho, médico responsável pelo desenvolvimento do algoritmo MIDAS, base tecnológica do MedFlow. 

A solução conquistou o primeiro lugar no prêmio “Desafios Plurais – a vida de cada paciente é singular, o desafio é plural”. A premiação promovida pela Roche, companhia multinacional Suíça, e pela Eretz.bio, incubadora de startups do Hospital Israelita Albert Einstein, teve como objetivo identificar soluções capazes de  facilitar diagnósticos precoces de doenças raras voltadas para atenção primária e possam ser replicáveis em grande escala.

“Essa tecnologia tem muito potencial nessa era de teleconsulta e telemedicina. É preciso que todos entendam que inteligência artificial e outros recursos não substituem o médico, mas podem ajudá-lo a pensar melhor. São recursos que trazem mais segurança, conhecimento e agilidade. O médico dificilmente consegue absorver todos os avanços da medicina e as doenças raras têm muitas especificidades e a tecnologia ajuda muito nesse diagnóstico e a salvar muitas vidas”, enfatiza Gali Filho.

* Com informações das assessorias de imprensa

Fonte: Saúde Debate