Com a vacinação contra Covid-19 em andamento, uma das questões é saber qual foi o efeito disto está o momento, apesar da maior parte da população ainda não ter sido vacinada. Enquanto no início da pandemia a maior parte dos internados tinha acima de 60 anos, agora, quase um ano e meio depois, a maioria dos pacientes internados com Covid-19 tem entre 40 e 50 anos de idade.

É o que revela um levantamento coordenado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), divulgado nesta segunda-feira (21 de junho). As informações foram coletadas junto a 101 hospitais privados do estado de São Paulo. Os estabelecimentos somam 4.089 leitos de UTI para Covid e 9.593 leitos clínicos para a doença e que representam a amostra de 25% do total de hospitais. São 33 hospitais da capital e 68 do interior.

O levantamento demonstrou que 57%, ou seja, a maioria dos pacientes internados com Covid-19 tem de 40 a 50 anos; 32,29% têm entre 40 e 49 anos; e apenas 19,77% têm 60 anos ou mais. Na avaliação do médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, a diminuição da faixa etária dos infectados decorre do processo de vacinação, que privilegiou os idosos. De acordo com ele, isto prova que as vacinas funcionam e são importantes ferramentas de combate à pandemia.

No Paraná, o boletim diário da Secretaria de Estado da Saúde divulgado nesta segunda-feira mostra a distribuição de casos de Covid-19 e mortes pela doença conforme a idade. Em 21 de junho, a faixa etária com maior incidência de casos era a de 30 a 39 anos, seguida daquela entre os 40 a 49 anos, enquanto a maior quantidade de mortes por Covid-19 aconteceu na faixa etária de 60 a 69 anos, seguida do grupo de 70 a 79 anos. No entanto, deve ser observado o número referente à faixa de 50 a 59 anos.

Ocupação leitos

O levantamento do SindHosp também verificou a ocupação dos leitos clínicos no estado de São Paulo. Houve crescimento de 20% na comparação com a pesquisa anterior, em 1º de junho. Neste momento, 81% dos hospitais entrevistados relataram ocupação dos leitos clínicos acima de 80%.

As internações em UTI, no entanto, apresentam leve queda no período de 6%: em 1º de junho, 88% dos hospitais indicavam ocupação de leitos de UTI para Covid acima de 80%, enquanto nesta pesquisa 83% dos hospitais relatam ocupação superior a 80%. 

Segundo Balestrin, o aumento das internações clínicas pode indicar que os casos estejam chegando aos hospitais com menor gravidade. “Mas esse recuo de 6% nas internações em UTI não alivia a pressão sobre o sistema de saúde. Continuamos no limite”, avalia. Para Balestrin, outro grave problema indicado pela pesquisa refere-se ao cancelamento de cirurgias eletivas. ”51% dos hospitais informaram cancelamento de cirurgias, sendo que destes, 66% contabilizam o cancelamento de até 50% das cirurgias. A consequência será o agravamento e/ou cronificação de doenças nos próximos meses”, prevê. 

Fonte: Saúde Debate