Na última quarta-feira, 2 de de janeiro, o novo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, discursou sobre seu histórico familiar, profissional e político, ao tomar posse no lugar de Gilberto Occhi. A cerimônia de transmissão de cargo foi concorrida e lotou o auditório do Ministério da Saúde. O segmento filantrópico de saúde também esteve no evento, representado pelo diretor-geral da Confederação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), José Luiz Spigolon.

Em seu discurso de posse, Mandetta elogiou a atuação das Santas Casas e lembrou sua trajetória profissional na Santa Casa de Campo Grande, onde foi admitido como médico do corpo clínico. “Aqui fica o meu respeito a todas a santas casas do país. Eu nunca encontrei na minha vida um hospital de porta aberta para atender a todos como são as santas casas brasileiras. Ricos, pobres. Mesmo muito antes do nosso Sistema Único de Saúde, elas já estavam lá”, destacou.

O novo ministro falou de fé, família e noção de pátria, agradeceu o presidente Jair Bolsonaro pela indicação e garantiu que não haverá retrocesso no direito à Saúde. “Vamos cumprir a Constituição Brasileira”, disse, em resposta ao receio de que o SUS de alguma forma pudesse estar sob risco, com restrição de atendimentos.

Outros pontos do discurso

Em seu discurso, Mandetta afirmou, ainda, que a atenção básica de saúde será o norte do seu trabalho. “Temos que cumprir um desafio institucional. Vamos construir um SUS juntos”, disse. Nesse contexto, defendeu a implantação de um terceiro turno no programa de atenção básica – modelo já praticado em algumas cidades do País, com unidades atuando em horários estendidos, para garantir que pessoas que trabalham possam se consultar ou levar seus dependentes para atendimento.

Referindo-se à judicialização da saúde, afirmou que universalidade e integralidade são inquestionáveis, mas é preciso pensar na equidade. “Temos de fazer mais para quem tem menos. E não será com arroubos que vamos construir o tripé”.

Mandetta em nenhum momento pediu mais recursos para a pasta que irá comandar. Mas falou, ao contrário de economia, que ele acredita que virá com mais controle. “Cada centavo economizado tem de ir para seu objeto fim que é a assistência. É muito fácil esquecer num ministério desta proporção que R$ 1 mil reais é dinheiro. Vamos atrás de cada centavo economizado.”

Ao contrário de seus antecessores, Mandetta tem uma relação estreita com o Conselho Federal de Medicina e é defensor da carreira de Estado para médicos, proposta que foi incluída no programa de governo de Bolsonaro. “Talvez para alguns lugares o ideal não seja o formato de carreira. Temos diferentes Brasis, não adianta uma receita de bolo. Os objetivos podem ser os mesmos, mas as estratégias distintas”, ponderou.

Ações imediatas

Mandetta pretende nos próximos cem dias apresentar propostas para três pilares prioritários. O primeiro é a atenção hospitalar – trazendo o que ele definiu como um “choque de gestão”, com mais transparência e critérios definidos para a condução de filas de espera e acesso aos serviços. O segundo eixo será uma medida emergencial em Roraima, Estado que recebeu um grande número de refugiados e que vive às voltas com uma epidemia de sarampo. Já, o terceiro eixo será a facilitação do acesso à atenção básica. O ministro quer dar mais espaço para essa forma de atendimento – uma medida há tempos defendida por especialistas no setor. A expectativa é de que uma secretaria seja criada apenas para cuidar dessa forma de atenção.

Também participaram da cerimônia de posse, os ministros Osmar Terra (Cidadania), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura). Entre os convidados estavam o vice-presidente do Conselho Federal de medicina, Mauro Ribeiro, o presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, Leonardo Vilella, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha e o deputado José Juscelino dos Santos.

Despedida de Occhi

Elogios e agradecimentos às Santas Casas também foram reforçados pelo ex-titular da pasta, Gilberto Occhi, que agradeceu aos colegas de ministério e exaltou o Sistema Único de Saúde, o qual Jair Bolsonaro teve a vida salva por profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora (MG), após sofrer atentado. Na despedida do cargo, Occhi fez um discurso afinado com seu sucessor. Disse ser favorável às bandeiras já anunciadas por Mandetta: a reformulação do Mais Médicos, o reforço na atenção básica e a revisão dos hospitais federais. “Dentro daquilo que eu ouvi você falar nos últimos dias, concordo plenamente com a revisão dos hospitais e institutos federais no Rio de Janeiro, do programa Mais Médicos, com a saúde da Família sendo cada vez mais reforçada, o programa de vacinação e também a gestão da informação do ministério para que a gente possa ser mais eficiente e usar os recursos da melhor maneira possível”.

Fonte: CMB