A criação de um modelo multidisciplinar de cuidado especializado no paciente com Insuficiência Cardíaca Avançada e Transplantados de coração pode aumentar a sobrevida desses pacientes. Essa foi uma das conclusões em um dos artigos publicados pela médica cardiologista dra. Marcely Gimenes Bonatto, chefe do serviço de transplante cardíaco do Hospital da Santa Casa de Curitiba. A segunda publicação é a nova Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca, que teve como intenção otimizar o tratamento e auxiliar na diminuição das taxas de mortalidade ligadas à insuficiência cardíaca no Brasil. Ela, juntamente com outros colegas cardiologistas e de outras especialidades de instituições de todo o Brasil, publicou esses artigos sobre os temas de transplante cardíaco e insuficiência cardíaca recentemente.

O artigo “Implementação do Programa de Transplante Cardíaco em Pacientes com Insuficiência cardíaca avançada no Brasil”, com o nome original de “Implementation of Heart Transplantation Program to Advanced HeartFailure Patients in Brazil”, discute o tratamento de pacientes com Insuficiência Cardíaca grave através de programas de transplante cardíaco ou do uso de Dispositivos de Assistência Ventricular (DAV) como uma nova saída – um aparelho que auxilia o coração a bombear sangue para o corpo, podendo ser utilizado em um curto ou longo espaço de tempo, dependendo da necessidade terapêutica do paciente.

Segundo dados levantados pelo estudo, apesar de o número de transplantados ter aumentado nos Estados Unidos da América (EUA), o número de pessoas na fila de espera também aumentou, o que mostra que talvez os transplantes não tenham aumentado o suficiente para atender toda a demanda. Além disso, os dados dos EUA mostram que de 2015 a 2016, o tempo gasto na lista de espera foi de 9,4 meses, o que significa 4,2 meses a mais que a análise anterior (2005–2006). Em alguns casos, a demora pode aumentar ainda mais. Países desenvolvidos têm procurado cada vez mais alternativas como o uso de dispositivos de assistência ventricular para atender esses pacientes.

O DAV é pouco disponível em países em desenvolvimento como o Brasil, especialmente na saúde pública. No entanto, o estudo aplicado no artigo mostrou que com um processo de transplante mais organizado e com o apoio de uma equipe multidisciplinar pode ajudar a melhorar o cenário da fila de espera por transplante no Brasil e os resultados de sobrevida no pós-transplante “Atualmente, o número de transplantes cardíacos no Brasil é de 1,8 a cada um milhão de pessoas, e a taxa de doadores efetivos é de 11,1%, o que não é suficiente para atender às necessidades de pacientes com insuficiência cardíaca no país”, explica o artigo.

DIRETRIZ

Além desse artigo, a médica também participou da produção da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca – uma condição complexa que impede o coração de bombear sangue de forma a atender às necessidades integrais do corpo. A doença é crônica, progressiva e comum, afetando de 1 a 2% da população. Ela está entre as principais causas de internamento no Brasil e oportuniza uma importante redução da qualidade de vida desses indivíduos.

São tratados temas como classificação da doença, recomendações quanto ao tratamento, situações especiais de piora no quadro do paciente, diferentes formas terapêuticas, cuidados paliativos em casos terminais, comorbidades com outras doenças, entre outros temas – todos relacionados à doença.

As diretrizes são feitas a fim de orientar os profissionais para um caminho a seguir, para que eles possam se nortear com um determinado plano de ação. No entanto, não substituem o julgamento do médico que determinará o tratamento para cada paciente.

Confira os dois artigos na íntegra:

Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica

Implementation of Heart Transplantation Program to Advanced Heart

Fonte: Santa Casa de Curitiba