A necessidade de mudanças no modelo de remuneração foi consenso entre os palestrantes que participaram do painel, embora haja divergências de opinião na hora de traçar essas transformações.  A proposta da Agência Nacional de Serviço Suplementar (ANS) é, em suma, que os eventos clínicos sejam pagos como diária global, os eventos cirúrgicos com procedimentos cirúrgicos padronizados e os eventos com baixa previsibilidade com conta aberta aprimorada.

“Qualquer modelo exige a participação do médico para estabelecer referenciais de apoio para o desenvolvimento de uma padronização”, acrescenta Eduardo Reganha, diretor técnico executivo da Planisa.

Nas duas rodadas de discussões que a ANS já realizou foram estabelecidas as primeiras diretrizes para essa mudança e debatida a conta aberta aprimorada. A previsão é que até dezembro de 2012 seja finalizado o piloto de implantação do modelo. Antonio Carlos Endrigo, gerente geral de Integração Setorial da Diretoria de Desenvolvimento Setorial da Agência, cita como os principais pontos a serem abordados o ajuste de risco, pagamento por performance e qualificação dos serviços prestados.

O atual modelo brasileiro é semelhante ao dos Estados Unidos e não tem demonstrado bons resultados, de acordo com o Presidente da Federação das Unimeds do Paraná, Orestes Barrozo Pullin. “O foco deve ser na qualidade do serviço e não nos custos, com capacitação, uso de softwares e tabela de pagamento baseada em diagnósticos e análise clínica”, diz. “O Estado não tem condição de ser o único financiador, a saúde suplementar deve ter a sua relevância reconhecida”, observa.

“A saúde suplementar tem que ser suplementar, não se converter no principal elemento como vem acontecendo”, defende Eduardo Blanski, representante da Femipa na mesa. “Muitas mudanças são necessárias, mas enquanto elas não são implementadas é preciso adotar medidas para melhorar a situação atual”, avalia.

Na opinião do presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Carlos Roberto Goytacaz Rocha, o médico perdeu o poder de valorar o seu trabalho, por outro lado continua com o poder da caneta, que acaba definindo grande parte dos gastos dos hospitais. “Não existe hospital sem médico nem médico sem hospital, todos estão no mesmo barco e é preciso remar para o mesmo lado”, pondera.