De acordo com o Hospital Psiquiátrico de Maringá, um alerta da Organização Mundial de Saúde e que consta em relatório publicado no mês de outubro deste ano trouxe uma realidade preocupante: enquanto a demanda por saúde mental aumentou drasticamente, os serviços essenciais nesta área foram interrompidos em 93% dos países em todo o mundo durante a pandemia da Covid-19.

Vale destacar que a pandemia afetou a saúde mental da população, com agravamento de casos de depressão, ansiedade, uso de substâncias, como o álcool e drogas ilícitas, casos de suicídio etc. E isso acontece exatamente no momento em que há um descaso maior com a saúde mental.

Conforme estudo da revista Britânica The Lancet, em 2018 o mundo já sinalizava uma crise de saúde mental. No Brasil, em 65% das cidades de pequeno porte, as redes de atenção psicossocial são inexistentes ou insuficientes. Além disso, 77% da população brasileira habita regiões que ofertavam cobertura de saúde mental inferior a 50%.

Vale lembrar que o próprio Ministério da Saúde reconhece o problema. Conforme a Nota Técnica nº 11/2019, da Coordenação-Geral de Saúde Mental, Álcool e Drogas, do Ministério, “o Brasil conta hoje com uma cobertura deficitária nesta modalidade assistencial. Somando leitos em Hospitais Psiquiátricos e aqueles em Hospitais Gerais, há cerca de 0,1 leito por 1.000 habitantes, quando o preconizado pelo próprio Ministério da Saúde seria de 0,45 por 1.000 habitantes. Este índice está bem abaixo da média de cobertura dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sendo reconhecidos impactos negativos quando o índice fica abaixo de 0,30 por 1.000 habitantes”.

A nota aponta ainda: “Em contrapartida, houve migração considerável de doentes mentais graves para a população prisional, sendo as cadeias o maior manicômio do Brasil na atualidade. São estimados mais de 50.000 doentes mentais graves no cárcere”.

Portanto, é urgente a necessidade do aumento de investimentos em saúde mental. Afinal, o descaso dos governos em todas as esferas torna o problema ainda mais crônico.

Fonte: Hospital Psiquiátrico de Maringá