As Organizações Sociais (OSS) que gerenciam instituições da área da saúde têm a missão – nem sempre tranquila – de administrar entidades públicas com recursos financeiros limitados e atender às demandas da população por serviços assistenciais.

“Desequilibrar qualquer uma das pernas desse tripé pode representar prejuízos à saúde, aos cofres públicos e à própria OSS, afinal, trabalhamos com margens extremamente reduzidas”, enumera Cecília Maria Martins Teixeira, presidente da Associação Paulista de Gestão Pública (APGP).

A APGP, criada em 2006, é uma das OSS que se especializaram no gerenciamento de instituições de saúde. Atualmente, a entidade está à frente de diversos hospitais, UPAs, Caps (Centros de Atendimento Psicossocial), RTs (Residências Terapêuticas) e Santas Casas em cidades paulistas e mineiras.

As demandas – e cobranças – neste âmbito são cada vez maiores. Tomem-se, por exemplo, as operadoras de planos de saúde, que, pelo terceiro ano consecutivo, foram as campeãs de reclamações, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

O principal problema é que o custo da saúde é alto. Isso se deve, principalmente, aos avanços registrados em medicamentos, mão de obra qualificada, equipamentos e hospitais cada vez melhores. Tudo isso impulsionou esta inflação nas últimas décadas.

“É natural e legítimo que as pessoas queiram receber o que há de mais inovador em termos de tratamento. Porém, existe o outro lado da moeda: a capacidade financeira de quem subsidia a assistência, seja uma entidade pública ou uma operadora de plano de saúde”, pondera Cecília. “É nesse contexto que as OSS (ou, pelo menos, a APGP) procuram agir. Somos um ponto de conexão entre as possibilidades permitidas pelos recursos e os anseios dos usuários.”

Cecília esclarece que a APGP procura corresponder às necessidades daqueles que utilizam suas unidades, não se limitando aos modelos de gestão que encontram, nem aos limites orçamentários nominais.

“Quando assumimos uma entidade pública, revisamos todo o modelo de gestão. Quase sempre, implantamos mudanças”, revela. “Mensuramos, inclusive, a produtividade de cada setor. É claro, nunca prejudicamos a qualidade assistencial. Com isto, conseguimos transformar um orçamento nominal num orçamento real”, observa.

“Se temos R$ 100 de receita, mas gastamos R$ 20 desnecessariamente, ao corrigirmos esse desvio, é como se tivéssemos ampliado o orçamento em 20%”, exemplifica a presidente da APGP. “Não se trata de mágica, mas, sim, de gestão.”

Fonte: Portal Terra