Começou ontem, 15 de agosto, em Brasília (DF), o 28º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, organizado pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB). A delegação do Paraná levou mais de 40 pessoas ao evento, e o presidente da Femipa, Flaviano Feu Ventorim, destacou a importância dessa participação efetiva no encontro, afirmando que isso fortalece o sistema associativo dos hospitais filantrópicos, o conhecimento de todos e estimula a troca de experiência. “Além disso, faz também com que a CMB seja vista com ainda mais força, o que ajuda, de forma geral, a nos transformar em hospitais melhores, com certeza”, disse.

Nesta edição, o Congresso discute como tema principal as novas políticas, gestão e parcerias, aproveitando o momento político de eleições que se aproximam. Para o presidente da Femipa, a crise brasileira veio para todos os setores da economia, e a Saúde nunca esteve de fora. Por isso, mais uma vez as instituições estão discutindo soluções para sustentabilidade dos hospitais. Segundo ele, as palestras trazem novos horizontes, novas formas de enxergar a crise e possíveis soluções de curto, médio e longo prazo.

“Vamos ter que repensar modelos de sistema de Saúde e, para que possamos alcançar as mudanças que buscamos, precisamos estar mais próximos da política, das secretarias municipais e estaduais de saúde, dos prefeitos, vereadores, deputados, senadores, para ajudar a pensar uma forma diferente. É fundamental que cada hospital se enxergue dentro do sistema de forma única e de atuação coletiva”, garantiu.

Edson Rogatti, presidente da CMB, parabenizou a Femipa pela maciça participação de representantes dos hospitais filantrópicos e santas casas do Paraná. Rogatti afirmou, ainda, que o Estado sempre participa das ações e isso reflete, sem dúvida, em boa gestão. “Quero parabenizar e agradecer os representantes do Paraná. Participo todo ano do Seminário da Femipa e o que vejo cada dia mais hospitais melhores”, ressaltou.

Sobre a temática voltada para as eleições, o presidente da CMB reforçou que o setor de Saúde filantrópico está preocupado com esse cenário que vem por aí. Na avaliação dele, antes das eleições a maioria dos candidatos tem como prioridade a Saúde, mas, depois, a área é esquecida.

“Aproveitando o momento político, convidamos todos os candidatos a estarem presentes no evento. Vamos encaminhar também uma carta a eles, mostrando as nossas demandas. Precisamos de uma Saúde de Estado, não de governo. Precisamos ter políticas de Estado para que tenhamos continuidade. Agora, estamos fazendo um trabalho com todos os candidatos, independentemente de partido, para propor a eles que ouçam nossas reivindicações para a Saúde para os próximos anos”, completou.

Avaliação dos hospitais

Conrado Ferri, diretor do Hospital Metropolitano de Sarandi, afirmou que o Congresso da CMB trouxe temas relevantes para o dia a dia dos hospitais, mostrando muitas questões que as instituições de saúde têm dúvida ou dificuldade. Ele também destacou a preocupação com o cenário político. “É muito importante discutirmos isso. O setor filantrópico é suscetível à instabilidade política. Como hoje vivemos uma crise política e econômica, nosso segmento também é afetado. Por isso, é bom estarmos de olho, e esse movimento da CMB de trazer os candidatos para o debate é fundamental para podermos ajudar a fazer uma Saúde de qualidade, atendendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira eficiente e com dignidade”, afirmou.

Na avaliação da diretora geral do Hospital da Providência de Apucarana, Irmã Geovana Ramos, o número significativo de participantes paranaenses no Congresso é graças ao grande esforço que os hospitais vêm fazendo. “É muito importante estarmos presentes, porque os temas abordados falam muito da nossa realidade, como a sustentabilidade dos hospitais, as dificuldade de os hospitais se manterem, a qualidade no atendimento do paciente, experiências que podem ajudar etc. Acredito que vamos levar muitos avanços para nossos hospitais para conseguirmos melhorar ainda mais a assistência”, garantiu.

Eficiência hospitalar

Um dos palestrantes do Congresso, Rogério Medeiros, diretor da MR Consultoria, falou sobre a importância de os hospitais acompanharem de perto os seus resultados, sabendo utilizar os dados adequadamente. Segundo ele, os gestores estão deixando de fazer a análise do dado. “Muitos estão preocupados apenas em preencher os dados, em preencher o sistema, mas não estão olhando o que eles estão informando”, destacou. De acordo com Medeiros, uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) mostrou, entre outras coisas, que os os projetos de certificação de qualidade não redundaram em ganhos para os hospitais.

“Muito pelo contrário: gastam mais para fazer o processo de certificação. Ou seja, não ganham do ponto de vista de operações, mas melhoram em conhecer o processo. Achávamos, por exemplo, que com toda a informatização, não iríamos imprimir tanto, mas estamos imprimindo mais do que imprimíamos no passado. O que mudou? Não estamos sabendo olhar os dados e o que é preciso efetivamente”, afirmou.

Para contextualizar, o palestrante citou um exemplo: “quando olhamos os hospitais e vemos que o tempo médio de internação está fora da média, qualquer hospital consegue corrigir isso. Só precisa parar e olhar. O problema é que ele olha o seu próprio umbigo. Se olhar os dados do Datasus utilizando o TabWin, por exemplo, vai buscar os dados dele próprio, mas é preciso baixar os dados dele, do hospital da cidade ao lado, do hospital concorrente, e comparar todos. Quando se compara todos, aí, sim, é possível fazer uma análise e discutir como resolver o problema”, finalizou.

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Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - com informações de Reilly Lopes