Parlamentares alertaram para a falta de ambulatórios especializados nas unidades de saúde e para a falta de informação sobre a prevenção ao suicídio. O assunto foi debatido nesta quinta-feira (10), Dia Mundial de Combate ao Suicídio, durante simpósio online promovido pela Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio e à Automutilação no Brasil.

O coordenador da frente, deputado Lucas Gonzalez (Novo-MG), sugeriu modernizar a legislação e investir em saúde mental. “Para que possamos, cada vez mais, ter acesso à saúde mental, à saúde mental desde a educação na primeira infância.”

Debatedores também consideraram necessário o fim do tabu em falar desses temas e a eliminação do preconceito contra pessoas que têm doenças como ansiedade, depressão e transtorno bipolar. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são 11 mil vítimas de suicídio por ano.

Durante o simpósio, a frente lançou quatro cartilhas digitais sobre prevenção, voltadas ao público em geral e a grupos específicos, como jovens e idosos. Outra campanha, chamada “Acolha a Vida”, está sendo lançada pela Secretaria Nacional da Família. As duas ações fazem parte do Setembro Amarelo, um mês de mobilização na luta contra o suicídio.

Representantes das entidades afirmaram que a pandemia do coronavírus agravou o quadro de sofrimento de vários segmentos. E um grupo populacional que preocupa é o dos adolescentes.

Sinais
A Secretária Nacional da Família, Angela Gandra, destacou sinais que demandam atenção e que vão do isolamento da pessoa ao teor das publicações nas redes sociais.

O professor de psiquiatria da Universidade Federal de Minas Gerais Humberto Corrêa salientou que o suicídio está habitualmente ligado à doença mental, e que é uma morte que pode ser evitada. Ele lamentou que o país esteja 20 anos atrasado para implantar uma estratégia nacional de prevenção, mas acrescentou que este não é um trabalho apenas do especialista.

“Na prevenção do suicídio, cada um de nós tem que estar presente: o professor, o educador, o religioso, o político, os governos, é uma ação de todos. Não se reduz taxa de suicídio em nenhum lugar se não existir uma ação de todos.”

Acolhimento
O Centro de Valorização da Vida (CVV), que existe há 58 anos, é a instituição brasileira mais conhecida de prevenção ao suicídio. Leila Herédia, porta-voz da entidade, recomenda mais um mecanismo de proteção a esses grupos vulneráveis: a escuta ativa.

“A ideia é que à medida que a pessoa se sente à vontade para falar das próprias emoções, dos próprios sentimentos, a gente vai estar prevenindo o suicídio. O nosso acolhimento, ele é feito de uma forma incondicional. A pessoa pode falar sobre o que ela quiser, pelo tempo que ela quiser, da forma como ela quiser”.

O ex-jogador e técnico de vôlei Bernardinho tem usado a popularidade para divulgar ações de enfrentamento ao suicídio. No simpósio, ele também ressaltou a importância da escuta, que pode ser feita em vários ambientes.

“Algumas atividades podem colaborar muito no processo: o esporte, as artes, como forma de socialização, de uma comunicação, de você quebrar barreiras, de você encontrar pessoas diversas e, com isso, de alguma forma, dissipar um pouco daquilo, atenuar um pouco aquela dor”.

O II Simpósio Nacional de Prevenção ao Suicídio e à Automutilação continua no dia 16, a partir das 15 horas, também por meio de videoconferência.

Fonte: Agência Câmara de Notícias