De novembro de 2018 a maio passado a Santa Casa de Londrina conseguiu reduzir 63% na superlotação do CET (Centro de Emergência e Trauma) com 32% de aumento nos atendimentos. Para se ter uma ideia do que estes números representam, em dezembro a Santa Casa precisou suspender a entrada de novos pacientes no CET por superlotação em oito dias diferentes, uma média de duas vezes na semana. Em maio não foi preciso nenhuma suspensão. Os pacientes atendidos no setor no mesmo período aumentaram de 671 para 889.

Estes são alguns resultados dos seis meses de implantação do Lean nas Emergências, em parceria com o Hospital Sírio Libanês, apresentados dias atrás pela diretoria da Santa Casa. O Hospital foi selecionado para o projeto pelo Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) do Ministério da Saúde. A Santa Casa, referência em alta complexidade no interior do Paraná, foi um dos 20 hospitais filantrópicos do país escolhidos para a segunda fase do Lean.

“ENTRE OS CINCO MELHORES” – Focado na organização da gestão do pronto-socorro, as mudanças implantadas pelo Lean trouxeram resultados para o hospital como um todo. O número de cirurgias eletivas subiu 23%, passando de 222 para 273 no mesmo período. As cirurgias de urgência também aumentaram – de 326 para 383, ou 17%. Outro indicador destacado foi o tempo entre a  entrada do paciente no CET e sua internação nos setores, que caiu 20% – de 27,3 horas para 21,86 horas.

“Os resultados alcançados aqui (na Santa Casa) colocam o hospital entre os cinco melhores do país entre os que já adotaram o Lean”, afirmou o coordenador do projeto, o médico do Hospital Sírio Libanês, Welfane Cordeiro Jr. O consultor do Lean, o também médico Gutemberg Lavoisier, destacou o envolvimento da equipe, como um facilitador. “O diferencial da Santa Casa foi o engajamento. Desde a alta gestão, passando pelo corpo clínico que comprou a ideia do projeto, sem falar na equipe de enfermagem, toda equipe assistencial e técnica que foi brilhante”, comemorou.

As ferramentas usadas pelo Lean na Santa Casa vão desde mudanças simples a partir do 5S, com organização e demarcação de espaços físicos até alterações mais complexas como plano de alta médica com monitoramento e metas para liberação de exames monitoradas em painéis à  vista, entre vários outros. “Superlotação  é questão de gestão interna. O que a Santa Casa fez com muito sucesso”, concluiu Cordeiro.

MAIS ATENDIMENTO, MAIS DÉFICIT – O aumento no atendimento ao SUS reflete diretamente no aumento do déficit mensal do Hospital. A partir do Lean, a extrapolação do teto financeiro do SUS foi 69%, chegando, em abril, a  R$ 619 mil em serviços prestados e não recebidos pelo Hospital. No município esse valor supera os R$ 4 milhões por mês. “Pretendemos que o Ministério da Saúde e os gestores municipais e estaduais olhem para essa situação e nos apresente uma saída porque já temos um déficit acumulado de R$ 6 milhões”, lamenta o superintendente da instituição, Fahd Haddad.

Apesar dos resultados financeiros negativos, Haddad garante que o trabalho vai continuar.  “Implementamos 54,5% das ações propostas pelo Lean. Queremos chegar aos 100%”, garante. A ideia, segundo Haddad, é expandir a metodologia para o pronto atendimento de convênios da Santa Casa e, na sequência, também para os serviços de pronto-socorro do Hospital Mater Dei e Infantil Sagrada Família.

Fonte: Santa Casa de Londrina