Em dois anos de atuação, o projeto Cuidados Paliativos no SUS – Atenção Hospitalar, Ambulatorial Especializada e Atenção Domiciliar, que integra o programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, promoveu melhoria de processos em Cuidados Paliativos no SUS em 13 unidades federativas brasileiras – e a expectativa é atingir até 16 novas localidades até o final de 2023.

A iniciativa executada pelo Hospital Sírio-Libanês com o apoio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) neste triênio, atuou em 13 grupos de serviços, compostos por um hospital, um ambulatório de especialidades e um Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do SUS, totalizando 39 unidades. Com o objetivo de melhoria de processos em Cuidados Paliativos, o projeto implementou 112 planos de ação com resultados interessantes. Observou-se um crescimento no registro de priorização de medidas de conforto em prontuário nos óbitos ocorridos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de 9% para 28%, o que corresponde a um crescimento relativo de 211%. A equipe acredita que a melhora no processo de registros como esse, possa refletir o maior respeito à autonomia dos pacientes com doenças ameaçadoras à vida atendidos nessas instituições.

A capacitação das equipes do sistema público de saúde é um pilar importante para o projeto que aprovou, neste triênio, 1.351 profissionais de saúde nas capacitações de Ensino à Distância, além de 397 aprovados nos workshops voltados ao aprofundamento do tema, através de metodologias ativas, simulações e discussões clínicas e mais de 1.500 participantes de módulos temáticos com assuntos específicos.

“O SUS é muito diverso e é preciso entender as realidades locais para desenhar soluções que façam sentido nos diferentes contextos. É fundamental que se trabalhe para que essas ações elaboradas durante a execução do projeto sejam institucionalizadas e perdurem após este. O nosso maior objetivo é que os Cuidados Paliativos sejam gradativamente incorporados no sistema público de saúde”, afirma a coordenadora médica do projeto, Maria Perez.

Ainda de acordo com a médica, o projeto trabalha com a definição de Cuidados Paliativos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma se tratar de uma abordagem que tem o objetivo de alívio de sofrimento – seja físico, psicossocial e/ou espiritual- de pacientes (sejam eles adultos ou crianças) e seus familiares que sofram de doenças ameaçadoras à vida. “Já está demonstrado na literatura que este conjunto de práticas propicia melhora na qualidade de vida do paciente, melhor controle de sintomas, maior planejamento avançado de cuidados e diretivas antecipadas de vontade (cuidados de acordo com o que faz sentido para cada indivíduo), além de maior satisfação do paciente e cuidador, com menor utilização de recursos do sistema de saúde”, ressalta.

O projeto é ofertado a todas as unidades federativas brasileiras e já atuou em instituições públicas de saúde no Amapá, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Pará, Amazonas, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. Utilizando-se de uma ferramenta de gestão desenvolvida pelo próprio projeto, foi observado um ganho de maturidade dos grupos de serviços participantes de 26%. Ainda em 2022, iniciará nos estados do Acre, Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Norte e a proposta é que seja implementado em até mais 8 localidades até o final de 2023.

O que dizem os participantes

Em Goiânia, o Hospital Estadual Alberto Rassi ingressou no projeto em novembro de 2021 para ampliar os serviços que já eram oferecidos na instituição. Com o suporte do PROADI-SUS, criou-se o Ambulatório Multiprofissional de Cuidados Paliativos e o Ambulatório de Luto. De acordo com a enfermeira e coordenadora do Escritório de Qualidade, Kassyla Ferreira dos Santos, a iniciativa ainda resultou na habilitação do programa de Residência Médica de Cuidados Paliativos do hospital, a primeira nesta especialidade em todo o estado.

“Esse projeto veio para desconstruir uma ideia que já era fixa de que os cuidados paliativos são restritos a uma fase final de vida do paciente, a um único setor e a uma única equipe médica. Conseguimos que as pessoas tomassem consciência de que os cuidados paliativos podem ser feitos desde o ambulatório, durante a internação, até a alta do paciente”, afirma Kassyla.

“A nossa equipe vinha com essa vontade de que esses pacientes pudessem receber uma atenção maior onde fosse focado a assistência no controle de sintomas, com uma visão multidisciplinar para que o paciente pudesse receber mais ainda um cuidado em que sua dignidade fosse prevalecida. É gratificante perceber a ampliação desse olhar enxergando aquele paciente como ser humano, com cuidado centrado na pessoa e não só na doença. Ver esse tema avançar na nossa unidade e em todo o país é uma garantia de que todos esses aspectos de sofrimento sejam vistos, recebidos e cuidados”, destaca o psicólogo do hospital, Dimilson Vasconcelos Bezerra.

O Serviço de Atendimento Domiciliar de São Luís do Maranhão (MA) participa do projeto de Cuidados Paliativos desde maio de 2022 e está na etapa de monitoramento dos planos de ação implementados. De acordo com a médica Maysa Baldez Dutra, os primeiros seis meses já propiciaram a melhora não apenas no atendimento como um todo, mas também na gestão de processos e de pacientes. “Antes não tínhamos nenhum protocolo estabelecido escrito, tínhamos procedimentos, processos que fazíamos, mas sem um protocolo de aparato. Hoje temos esses protocolos – saímos de 0 para 5 já estabelecidos de apoio diretamente com o Sírio-Libanês pelo PROADI-SUS. Também criamos protocolos de admissão de pacientes nas diversas áreas. Para quem tinha nenhum, temos vários e agora nos dão a visão do quanto o nosso trabalho é único”, relata.

*Informações Assessoria de Imprensa

Fonte: Saúde Debate