O Hospital Santa Casa de Curitiba realizou recentemente dois procedimentos de transplantes ósseos – também conhecido como enxerto ósseo. Estas foram as primeiras cirurgias com essa finalidade realizadas no hospital, uma vez que a habilitação para realização desse tipo de transplante ocorreu no fim de 2018.

O primeiro caso foi o de uma paciente de 51 anos que realizou um enxerto no quadril. O procedimento, denominado de Artroplastia Total de Quadril (ATQ), foi feito por meio de enxerto picado tipo “crouton”. O médico responsável pelo procedimento foi o ortopedista e cirurgião de quadril, Dr. Guilherme Bello Prestes, que atua na Santa Casa há quatro anos e é especializado em transplantes ósseos há cinco.

Ele conta que é bastante incomum utilizar o transplante em casos como esse, porém houve a necessidade pelo defeito ósseo que precisava ser reparado. O osso doado é coletado por uma equipe especializada, passa por testes e é armazenado em baixas temperaturas. Às vezes, o osso precisa ser processado, ou seja, moldado de formas diferentes, o que diminui o tempo de cirurgia e evita o desperdício. “É um procedimento bastante seguro”, garante Dr. Bello.  “O processo de recuperação é individualizado para cada cirurgia e paciente. Em alguns casos o pós-operatório é muito parecido, ou até igual, aos casos que não foram utilizados enxertos”, completa.

Já no segundo procedimento, uma jovem de 24 anos recebeu o transplante de coluna. Neste caso, foi utilizado um pedaço de osso. O médico responsável pelo enxerto foi o ortopedista e cirurgião de coluna, Dr. Décio De Conti, que é cirurgião desde 1995 e médico na Santa Casa de Curitiba há 10 anos.  

Ele explica que a paciente apresentava uma deformidade na coluna lombo-sacra, que é quando a quinta vértebra lombar escorrega para frente em relação ao sacro (osso grande triangular da base da coluna vertebral), causando dores incapacitantes e compressão dos nervos. “Realizamos uma descompressão dos nervos, o reposicionamento da vértebra escorregada, a fixação da coluna com pinos e hastes e a colocação de enxerto ósseo para a fusão das vértebras”, esclarece o médico.

Os casos em que há necessidade de transplante de tecido ósseo, os chamados enxertos, ocorrem nas complicações quando o enxerto ósseo é feito do próprio paciente ou pela necessidade de uma quantidade maior de enxerto, não sendo possível retirar tudo do próprio paciente. “Esse tecido vem de um banco de tecidos humanos especializado”, conta. Esse tecido é preparado para que o receptor aceite sem incidências, infecção ou transmissão de doenças, além de aumentar a chance de cicatrização óssea.

IMPORTÂNCIA DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

O transplante ósseo está ligado ao transplante de tecidos. Entre os tecidos que podem ser doados, quando o doador não está vivo, estão as córneas, as válvulas, os ossos, os músculos, os tendões, a pele, as veias e as artérias. Quando o doador está vivo, ele pode doar parte da medula. Por isso, é importante destacar essas histórias para que cada vez mais pessoas possam receber o transplante e ter uma nova vida.

Para uma das pacientes que recebeu o enxerto ósseo, Acsa da Silva, de 24 anos, é de extrema importância a doação de órgãos ou tecidos, pois é isso que salva vidas. “No meu caso foi para que eu tivesse qualidade de vida e uma vida normal, sem dores. Tem pessoas que precisam disso para viver”, destaca. “Cabe a cada um ser solidário e aprender a amar o outro como a si mesmo”, completa.

Ela conta que demorou certo tempo para conseguir resolver seu problema na coluna, já que até então nenhum dos hospitais pelos quais ela tinha passado havia sugerido o transplante. “Eu tinha fortes e constantes dores na região lombar, que se estendiam pelas pernas. Eu não conseguia fazer muitos movimentos sem travar”. Com esse diagnóstico, a equipe de ortopedia da Santa Casa recomendou o enxerto na coluna. Agora, Acsa já está em casa em processo de recuperação.

Até outubro do ano passado, a Santa Casa de Curitiba não realizava transplantes de ossos. Assinada em 10 de outubro, a portaria nº 1.630 autoriza a Santa Casa a retirar e transplantar tecido músculo esquelético. Antes disso, a Santa Casa já realizava três tipos de transplantes, dois de órgãos e um de tecido, que são de rins, coração e córneas, respectivamente. No Paraná, o hospital é referência em transplantes de coração e vem ganhando destaque pelos excelentes resultados dos transplantes renais.

Fonte: Santa Casa de Curitiba