Uma maior integração entre a saúde pública e privada é fundamental para a melhora do sistema de saúde no Brasil, na avaliação dos executivos que comandam duas das maiores empresas do setor no Brasil, o Hermes Pardini e o Hospital Israelita Albert Einstein, destaca o Valor Econômico.

“No Brasil nós temos a maior possibilidade de o serviço privado contribuir com o público, com novas tecnologias, gerando protocolos de atenção. Talvez o privado seja o mais adequado para a gestão de saúde populacional”, disse Roberto Santoro, presidente do Hermes Pardini, durante painel que discutiu o futuro do setor de saúde no Brasil durante evento do Credit Suisse, em São Paulo. Santoro destacou a necessidade de mudanças na Constituição, ou nas regras do setor para melhorar essa relação.

Sidney Klajner, presidente do Einstein, acrescentou que o modelo de contratação do serviço privado pelo sistema público funciona bem na Holanda e que, guardadas as proporções do tamanho da população, tende a funcionar bem no Brasil, especialmente por conta de uma capacidade ociosa no setor. “Sou muito a favor e temos algumas iniciativas nesse sentido”, disse. Hoje, 160 milhões de pessoas dependem apenas do SUS, segundo Mauricio Cepeda, líder de equity research nas áreas de saúde e educação do Credit Suisse, que mediou o painel.

Diante desse cenário, Klajner afirmou que investir no acesso ao atendimento privado é uma forma de desonerar o serviço público. “Em 2018 tínhamos 3,5 milhões de pessoas que perderam o atendimento privado, que foram sobrecarregar o setor público. Isso sem contar o teto de gastos. A conta não fecha de jeito nenhum, em nenhum tipo de atendimento, nem com o atendimento primário”, disse.

Durante o painel, os executivos também reforçaram a necessidade de mudanças no modelo de remuneração do setor, que, da forma atual, “privilegia a doença, o uso inadequado de recursos”. Para Santoro, é preciso ter uma maior troca de dados entre as empresas e também com o setor público, para se trabalhar melhor a questão dos custos do setor. Klajner destacou a necessidade de mudanças nas regras da telemedicina. “Você tem uma resistência de profissionais de saúde que acham que vão perder o emprego, mas que não percebem que isso pode ser uma oportunidade de fazer atendimentos de casa, sem a necessidade mesmo de um espaço físico”, disse.

Fonte: Valor Econômico