A Secretaria da Saúde anunciou nesta sexta-feira (18), Dia Nacional da Luta Antimanicomial, um incremento de 20 milhões como incentivo à qualificação dos hospitais psiquiátricos que atendem a rede pública no Paraná. Com a reforma psiquiátrica, os manicômios deixaram de ser locais de exclusão social e se tornaram hospitais que prezam pelo tratamento humanizado, com atividades para reinserir os pacientes à sociedade.

Os recursos são resultado de um acréscimo nas diárias de internamento pagas aos hospitais vinculados ao SUS. Eles atendem a demanda psiquiátrica de todas as regiões do Estado. “Ainda neste semestre aumentaremos em 81% o valor que é repassado para diárias de internamento de adultos e bancaremos todo o custo das diárias para adolescentes, que hoje não é paga pelo governo federal”, explicou o secretário da Saúde, Michele Caputo Neto.

O incentivo está vinculado a uma série de indicadores de qualidade que serão monitorados por equipes da Secretaria da Saúde. Os hospitais deverão construir projetos terapêuticos institucionais do serviço e individuais para cada paciente, detalhando todas as atividades realizadas. A equipe deve ser multidisciplinar e promover um tratamento que leve em conta o resgate da dignidade dos pacientes e busque amenizar os impactos da reclusão.

A qualificação dos hospitais psiquiátricos é uma das ações previstas na construção da Rede de Atenção à Saúde Mental, área considerada prioritária para o Governo do Estado. A rede vai organizar o fluxo de atendimento e priorizar o tratamento mais próximo da família em serviços extra-hospitalares, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

“Atualmente existem outras possibilidades de assistência na área de Saúde Mental. O Hospital não é mais o único centro de cuidado para quem está em situações de sofrimento ou transtorno mental. Contudo, há casos que esse recurso ainda é necessário”, ressaltou a coordenadora estadual de Saúde Mental, Larissa Yamaguchi.

Referência – O Hospital Colônia Adauto Botelho (HCAB) é o único hospital estadual especializado em psiquiatria. Fundado em 1954, ele já foi um manicômio e agora é referência nacional em alternativas terapêuticas que reintegram o paciente à sociedade.

Além do tratamento medicamentoso, o Adauto Botelho oferece atividades lúdicas e oficinas de arte, música, artesanato e informática. “Durante o período de internação, que chega a 45 dias no máximo, o paciente recebe todo apoio para voltar a sua família em melhores condições físicas e mentais” afirmou o diretor do HCAB, Osvaldo Tchaikovski. “Além disso, já houve casos em que o paciente participou de nossas oficinas e se redescobriu numa nova profissão após receber alta”, completou.

O hospital vai inaugurar em junho uma nova ala para abrigar 19 pacientes remanescentes da época do manicômio. “Os asilados não tem nenhum vínculo familiar externo ou apresentam incapacidades que comprometem sua saída para as residências terapêuticas existentes”, disse Tchaikovski.

Números – Segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que 12% da população paranaense necessita de algum tipo de atendimento à saúde mental, seja ele contínuo ou eventual. Além disso, transtornos devido ao consumo de álcool foram as principais causas de internação psiquiátrica em 2011 no Paraná.

O Estado conta hoje com uma rede de 94 CAPS, 76 Núcleos de Apoio à Saúde da Família, dois Consultórios de Rua, 54 ambulatórios especializados em saúde mental, 489 vagas em Hospital Dia, 211 leitos em hospitais gerais e 2.404 leitos em hospitais psiquiátricos.

Colegiado – A Secretaria da Saúde realizou nesta quarta e quinta-feira (16 e 17) a reunião do Colegiado Estadual com os coordenadores regionais, representantes do Comitê Gestor Intersecretarial de Saúde Mental, unidades próprias e outros setores da Sesa, para atualização, trocas de informações e experiências sobre a área.

O grupo também discutiu os principais pontos do Mapa Estratégico que está sendo elaborado para a Rede de Saúde Mental. A Secretaria aproveitou o encontro para comemorar o dia Estadual de Saúde Mental, celebrado em 02 de maio. “É importante destacar este novo tempo da área de Saúde Mental no Paraná. A redefinição da política estadual e o início de um planejamento estratégico para a área mostram o comprometimento do governo estadual com o bem estar físico, mental e social dos paranaenses”, enfatizou Larissa.

Fonte: Sesa