O secretário da Saúde, Michele Caputo Neto, afirmou na quinta-feira (21), durante videoconferência com as 22 regionais de saúde, que o Paraná está preparado para o enfrentamento da gripe. “Além de vacinarmos mais de 1,5 milhão de paranaenses dos grupos prioritários, já descentralizamos o tratamento pelo antiviral oseltamivir, produzimos material informativo e instalamos a sala de situação da gripe para o monitoramento constante”.


Segundo ele, mais vacinas devem ser enviadas ao Estado na próxima semana. “Desde o início do ano, quando representava a região Sul na Comissão Intergestores Tripartite, reivindiquei mais vacinas para os três estados, que têm um clima mais favorável ao aparecimento de síndromes respiratórias. Também vou solicitar o remanejamento de vacinas de outros estados que não registram casos da doença e que não atingiram as metas de vacinação propostas pelo Ministério da Saúde”, disse.

Caputo Neto ressaltou que não há como promover uma campanha de vacinação em massa. “O governo federal não tem como adquirir vacinas para toda população e o laboratório produtor não tem condições de produzir doses suficientes”. Segundo o secretário, as doses extras que o Paraná conseguir serão dirigidas às pessoas que tem fatores de risco ou grupos mais suscetíveis, como crianças até cinco anos que frequentam creches públicas.

O Paraná é pioneiro no monitoramento de síndrome gripal no país. Hoje o Laboratório Central do Estado identifica a circulação de 12 vírus circulantes e passará a monitorar 26 tipos. O Estado também é o único do país que faz o fracionamento do Oseltamivir para utilização infantil.

SALA DE SITUAÇÃO – O Paraná está em alerta devido ao aumento no número de casos nos últimos dias. Neste ano o Estado já confirmou 64 casos e cinco mortes, sendo que uma delas foi de um paranaense que adquiriu a doença e morreu no nordeste do país. A situação de estados vizinhos como Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul também é preocupante. Santa Catarina já confirmou 268 casos e 21 mortes neste ano.

O secretário assumiu o compromisso público de transparência das ações de enfrentamento da Gripe A no Estado e disse que a Sala de Situação vai divulgar toda segunda-feira um boletim informativo com o monitoramento da situação em todas as regiões do Paraná. As 22 Regionais de Saúde devem encaminhar as notificações diariamente e a equipe da Sala de Situação fechará os dados toda sexta-feira para a divulgação semanal. “A importância de termos uma equipe monitorando a situação em todo Estado é que a informação nos dá subsídios para definirmos estratégias de ação imediatas”, disse Caputo Neto, reforçando que a mesma estratégia foi usada em 2011 no enfrentamento da Dengue, o que resultou na redução significativa de casos da doença este ano.

A coordenadora da Sala de Situação da Gripe, Ângela Maron, enfatizou que o vírus da gripe é considerado sazonal desde o fim da pandemia em 2010. “Como o vírus circula em nosso ambiente, há muitas pessoas suscetíveis. Por isso, ficou estabelecido que o paciente que apresentar quadro de síndrome gripal deve receber o medicamento, independente da coleta de amostras”. Ela destacou que, no entanto, não há motivos para pânico, porque o Estado não está em situação de pandemia. “As medidas que estamos adotando previnem o agravamento das síndromes respiratórias e, diferentemente do que ocorreu em 2009, hoje temos medicamentos suficientes para o tratamento dos pacientes”, disse Ângela ao recomendar que os médicos receitem o antiviral. Ela disse ainda que não há necessidade de medidas drástica como a suspensão de aulas ou de eventos públicos, mas sim a adoção rotineira de medidas preventivas.

Angela reforçou que o medicamento é eficaz para evitar mortes, principalmente se administrado em 48 horas, podendo ser indicado até o quinto dia após o início dos sintomas. “Em 2009, tivemos relatos de pacientes que permaneceram internados por 40 dias na UTI e sobreviveram”, relatou o médico e chefe da 10ª Regional de Saúde de Cascavel, Miroslau Bailak.

O superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, ressaltou que as regionais devem reforçar a distribuição de material informativo. “Os bons hábitos de higiene, como a lavagem de mãos previnem a gripe e outras doenças também. Devemos intensificar a divulgação das medidas preventivas”, disse. Foram impressos cartazes e folhetos com orientações sobre formas de prevenção e tratamento da gripe.

O secretário pediu que as regionais tenham especial atenção aos municípios de fronteira, como da região oeste, do norte pioneiro e a região sul do estado.

ORIENTAÇÕES – Durante a videoconferência as diretoras do Laboratório Central do Estado (Lacen) e do Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) orientaram os técnicos das regionais de saúde sobre os procedimentos para envio de amostras para exames e sobre a distribuição do antiviral. O Lacen vai manter plantão inclusive aos finais de semana para atender a demanda de exames. O Cemepar tem enviado semanalmente estoques do Oseltamivir às 22 regionais e orientou que as equipes mantenham hospitais e serviços de saúde estratégicos com bom número de medicamentos. A diretora do Cemepar, Suzan Alves, alertou que os medicamentos infantis, que precisam ser manipulados, têm prazo de validade de apenas três meses. “É importante que os técnicos estejam atentos à data que vencem esses medicamentos e se não forem utilizados em tempo hábil que sejam devolvidos ao Cemepar para descarte”, disse Suzan. O secretário relembrou que manter estoques estratégicos e não utilizá-los porque não foi necessário faz parte da estratégia de se antecipar à necessidade da população.

Nesta sexta-feira (22) foi realizada reunião com a Sociedade Paranaense de Infectologia para discussão das estratégias de enfrentamento da doença.

Fonte: Comunicação Sesa