20150629_105344Toledo – A dívida que hospitais filantrópicos e santas casas do País acumulam hoje por conta da desigualdade de recursos do governo federal aos serviços públicos chega a R$ 17 bilhões. Na região Oeste, o HU (Hospital Universitário) de Cascavel e o Bom Jesus de Toledo, locais de referência para o atendimento de uma população estimada em um milhão de habitantes, enfrentam dificuldades, sobretudo, pela falta de revisão na tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) e incentivos financeiros.

De acordo com o superintendente da entidade mantenedora do Hospital Bom Jesus, Thiago Daross Stefanello, os valores repassados pelo governo ao SUS não cobrem o custo de procedimentos e deixam os hospitais em situação preocupante. “Cerca de 83% dos Hospitais Filantrópicos e Santas Casas trabalham no vermelho. A defasagem na tabela é o que acarreta dívidas e, por isso, muitos estabelecimentos deixam de prestar atendimento pelo SUS. De cada procedimento realizado 40% é mantido pelo próprio hospital”, ressalta. Somente no Hospital Bom Jesus, a dívida acumulada se aproxima dos R$ 15 milhões. O custo de um hemograma completo, por exemplo, pelo sistema público é de R$ 4,11 e no plano privado são pagos R$ 9,65 pelo mesmo exame.

A divulgação dessa realidade e das graves consequências ao SUS motivou a campanha nacional “Acesso à saúde – meu direito é um dever do governo”. No próximo dia 29, o movimento das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos reunirá representantes em 50 localidades do Brasil para uma mobilização. “É indispensável discussões em torno do tema para que medidas urgentes garantam o direito à saúde dos cidadãos. O Hospital Bom Jesus apoiará essa iniciativa para prestar esclarecimento a sociedade e chamar a atenção de autoridades políticas e da saúde”, destaca Stefanello.

PREJUÍZOS

O descumprimento da Portaria nº 2.395/2011 traz mais prejuízos aos hospitais do Paraná. “A maioria dos hospitais recebe apenas R$ 478 por diária de leito de UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mas a portaria prevê o pagamento de R$ 800. Deixamos de receber R$ 490 mil todos os meses”, cita o superintendente do Hospital Bom Jesus ao acrescentar, “passamos por um momento de dificuldade, e sem a revisão da tabela SUS e demais incentivos financeiros, a situação tende a se agravar cada dia mais”.

MOVIMENTO

A Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), mantenedora do Hospital Bom Jesus, aderiu à mobilização nacional em defesa das santas casas de Misericórdia e hospitais filantrópicos. No dia 27 de junho o Jornal O Paraná destacou o assunto na capa. Hoje, 29 de junho, o superintendente do hospital, Thiago Stefanello, participou do Programa T News da Rádio T em Cascavel. Durante todo o dia D Municipal, os profissionais de saúde estão trabalhando com um laço preto e os funcionários administrativos usam roupas pretas. “A ideia é sensibilizar os pacientes e a população em geral sobre a situação, mostrando a necessidade da revisão de recursos para estas instituições”, explica Stefanello. Às 15h, a imprensa local de Toledo vai realizar uma cobertura sobre a manifestação.

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Fonte: Jornal O Paraná – ROMULO GRIGOLI