BRASÍLIA – Em dia de possível aumento de impostos, com aprovação de apenas 7% e denunciado por corrupção passiva, o presidente Michel Temer tentou fazer uma pauta positiva anunciando nova realocação de recursos na Saúde nesta quinta-feira. Em cerimônia no Planalto, Temer pediu “otimismo extraordinário” e comemorou R$ 344,3 milhões para a saúde bucal por economia no ministério. No entanto, assim como na semana passada, quando comunicou realocação de R$ 1,7 bilhão para ambulâncias e atenção básica, os recursos para a Saúde não são novos. São apenas de transferência dentro da própria pasta.

— Quero registrar isso (realocação de recursos da Saúde) com muita ênfase para que nós não sejamos arautos do catastrofismo. O contrário. Que nós tenhamos aqui o que é muito comum nos brasileiros, o otimismo extraordinário — declarou.

O peemedebista voltou a centrar o discurso em elogios à própria gestão. Sem citar nomes, como de costume, Temer criticou o governo de Dilma Rousseff, de quem foi vice por mais de cinco anos. Ele afirmou que era necessário “pôr ordem na casa”.

— Desde o primeiro dia temos promovido eficiência no governo. Demos também transparência nas contas públicas e estamos tratando com seriedade o dinheiro do pagador de impostos.

Os R$ 344,3 milhões para saúde bucal serão investidos em 10 mil cadeiras odontológicas, credenciamento de 34 Unidades Odontológicas Móveis e custeio de 2.299 novas equipes de saúde bucal.

O Ministério da Saúde já fez pelo menos três cerimônias no Palácio do Planalto para anunciar realocação de recursos internos. O valor economizado, segundo a pasta, é de R$ 3,5 bilhões, em pouco mais de um ano de governo Temer.

A pasta só detalha corte de gastos gerais, que seriam redução média de 20% em 873 contratos e convênios; dispensa de 800 bolsistas; corte de 350 contratos de livre nomeação; aperfeiçoamento do transporte de funcionários; revisão dos contratos de informática; e realocação de funcionários de quatro prédios para um em Brasília.

AGENDA NEGATIVA

Nesta quinta-feira, Temer deve aumentar o PIS/Cofins sobre diesel, gasolina e etanol. Temer reconheceu “algumas dificuldades fiscais”, mas defendeu que o país está se desenvolvendo. No começo do ano, o governo teve de cortar R$ 42,1 bilhões do Orçamento.

O número, depois, caiu para R$ 39 bilhões, mas ainda atrapalha a prestação de serviços à população. A Polícia Federal parou de emitir passaportes por falta de recursos há quase um mês.

A aprovação do governo Temer, segundo o Datafolha no fim do mês passado, é de 7%. É a menor marca aferida pelo instituto em 28 anos, desde o presidente José Sarney.

Em duas semanas, o plenário da Câmara deve decidir se aceita a denúncia por corrupção passiva contra Temer. Ele também é investigado no Supremo Tribunal Federal por organização criminosa e obstrução de Justiça.

Fonte: O Globo