Novas variantes do coronavírus estão circulando no Brasil. A cepa B.1.1.7 (como é chamada) já havia sido identificada no Reino Unido e em outros 18 países, como Portugal, Dinamarca, Austrália, Índia, Coreia do Sul e Canadá. Em dezembro de 2020, foi encontrada no país. Além disso, há uma cepa do coronavírus registrada no Amazonas, conforme registro da Fiocruz de janeiro de 2021. Mas os testes disponíveis são capazes de detectar uma nova variante do coronavírus?

Estudos preliminares revelam que a nova variante do coronavírus é mais transmissível que aquela já em circulação, trazendo à tona preocupações sobre a possibilidade de causar sintomas mais graves da Covid-19, de impactar de forma negativa na resposta à vacinação e de não ser detectada em exames realizados no Brasil.

Diante desse cenário, Roberta Dutra, especialista em Biologia Molecular da UniGenne – área da Unimed Laboratório especializada em diagnóstico genético molecula -, esclarece que o exame RT-PCR (usado para detectar a doença ativa em fase de transmissão e processado a partir de amostra colhida por swab nasal e/ou orofaringe) e o sorológico (usado para detecção de anticorpos da Covid-19) são capazes de detectar o novo coronavírus mesmo com variações como essa. “Isso porque a variação é definida por múltiplas mutações no gene viral que codifica a proteína da espícula (Spike). Os alvos para diagnóstico molecular que utilizamos na Unimed Laboratório avaliam os genes que codificam a proteína do núcleocapsídeo (N) e a poliproteína ORF1ab, não sendo impactados por alterações no gene Spike”, explica a médica, em 28 de janeiro de 2021.

Segundo o médico infectologista Jaime Rocha, diretor de Prevenção e Promoção à Saúde da Unimed Curitiba, “as ocorrências de mutações são esperadas e monitoradas pelos centros de vigilância. Nesse momento, a presença dessas mutações não indica que sejam mais graves, e não mudam as condutas terapêuticas ou recomendações das vacinas”.

A identificação dessa nova variante requer análise de alta complexidade, com sequenciamento genético do vírus, e o laboratório da cooperativa tem feito monitoramento constante dos resultados. “Encaminhamos possíveis amostras atípicas para o sequenciamento de genoma viral no setor de Biologia Molecular e, assim, são mantidos parâmetros como sensibilidade e especificidade analítica. Mas vale ressaltar que, nos resultados de exames liberados para os pacientes da Unimed Laboratório em que o novo coronavírus é detectado, não consta qual é a variante encontrada”, descreve Roberta.

Principais diferenças entre os exames para diagnosticar a Covid-19

O exame de RT-PCR é um teste molecular, ou seja, baseado na pesquisa do material genético do vírus (RNA), em amostras coletadas por swab nasal ou orofaringe obtido com uma haste flexível. É considerado o exame laboratorial padrão-ouro pela OMS para detecção direta do coronavírus e diagnóstico da infecção. Segundo o diretor médico da Unimed Laboratório, Mauro Scharf, “indicamos esse exame somente para pacientes com sintomas nos primeiros 10 dias, considerada a fase aguda da doença, para definição de conduta clínica e isolamento do doente. O exame deve ser solicitado por um médico”. A Unimed Laboratório realiza esse teste por agendamento com coleta em sistema drive-thru.

Já os exames sorológicos são realizados por punção venosa e sem necessidade de jejum. Eles detectam anticorpos para o novo coronavírus no sangue e são utilizados para fins epidemiológicos. Scharf reforça que esses exames também devem ser solicitados por um médico. “São indicados para pacientes assintomáticos que já apresentaram sintomas da doença há mais de 14 dias, que tiveram resultado do RT-PCR negativo, ou que não fizeram o RT-PCR por algum motivo. Um resultado positivo para o teste sorológico confirma que o paciente teve contato com o vírus no passado, ainda que não seja possível saber em que momento isso tenha acontecido. Importante ressaltar que não há evidência científica suficiente para garantir que as pessoas que já foram infectadas estejam imunes à doença”, orienta.

 

Fonte: Saúde Debate, com informações da Unimed Curitiba