O alto custo da saúde é motivo de preocupação global e geral, envolvendo nações de todo o mundo, gestores públicos da assistência, operadoras de planos de saúde, seguradoras, estabelecimentos médico-hospitalares e o consumidor dos serviços (clientes e pacientes). Em fevereiro deste ano, a Folha de São Paulo anunciou que a inflação do setor de saúde, em 2019, deve ser 12% superior ao IPCA, colocando o Brasil em quinto lugar na lista de países com as maiores diferenças de evolução de preços no setor. Diante desse cenário, mais uma vez a tecnologia surge como resposta, via transformação digital, para promover mudanças indispensáveis no acesso e no financiamento da saúde, com soluções de monitoramento e gestão de dados.

O relatório “Tendências médicas 2019 pelo mundo”, desenvolvido pela Mercer Marsh deixa clara essa necessidade: “A exploração de cuidados virtuais para conter os custos médicos e encorajar o comportamento baseado no consumidor está cada vez mais se tornando realidade, já que 78% das seguradoras pelo mundo estão agora levando em consideração ou já dando suporte a consultas de saúde virtuais, entre outras medidas que envolvem a tecnologia”. O trabalho foi baseado em pesquisa com 204 seguradoras de 59 países, demonstrando a efetividade dos dados colhidos.

Entre os resultados, destaca-se o fato das empresas estarem investindo cada vez mais em estratégias para análise de dados e digitalização, num ecossistema da saúde que envolve startups digitais, em busca da inovação entre participantes e pela integração vertical na cadeia de abastecimento. Dessa forma, médicos, gestores, prestadores de serviços e clientes estão se beneficiando do uso de analytics, com inúmeras aplicações, como transparência crescente no custo e na qualidade dos cuidados.

O Brasil tem hoje mais de 1 mil operadoras de planos de saúde, com um total de 46.999.473 beneficiários desta assistência, de acordo com dados de julho, divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no dia 5 de setembro de 2019. Certamente essas empresas devem ser usuárias de sistemas de gestão cada vez mais avançados, permitindo um controle de custos paralelo à qualificação constante das suas atividades. Assim, a tecnologia tem sido uma aliada das operadoras para melhorar serviços e controlar a sinistralidade (saldo entre a receita obtida com as mensalidades dos planos de saúde menos os gastos com o atendimento aos beneficiários).

A própria ANS vem se utilizando de soluções tecnológicas que reforcem suas atividades em defesa do consumidor brasileiro. Para ajudar na escolha do melhor plano de saúde, a Agência criou uma ferramenta que permite a comparação entre planos, exibindo informações e simulações importantes para orientar a decisão, como a rede hospitalar credenciada de cada produto e o preço máximo que a operadora pode cobrar pela assistência médico-hospitalar.

*Ademar Paes Junior é médico radiologista e presidente da ACM

Fonte: NSC