Por Sidnei Evangelista*

O contexto da pandemia do novo coronavírus, declarada pela OMS em março de 2020, impôs para a população mundial um novo modelo e dinâmica de vida. Passados cinco meses, sabe-se da importância do distanciamento social, necessário para um bem maior, que é o controle da doença e evitar a superlotação dos hospitais. Ainda assim, outros cuidados são necessários mesmo que no isolamento, inclusive com a saúde mental. E uma prática importante para evitar esses problemas é fazer o bem a outras pessoas por meio do voluntariado.

De início, é importante dizer que algumas pesquisas apontam para o sentimento de solidão e aumento das doenças psíquicas em decorrência do isolamento social. Uma pesquisa feita em 2014, pela Universidade de Chicago, aponta, inclusive, para um aumento do risco de mortes pré-maturas. Como o isolamento é necessário, entretanto, esse tempo adverso que a humanidade enfrenta também trouxe grandes aprendizados e oportunidades. Um deles é a possibilidade de se sentir conectado por meio de boas ações.

É de entendimento em vários setores da Psicologia e da Psiquiatria que fazer o bem traz uma série de benefícios, tanto para a saúde física e mental, quanto espiritual e emocional. Fazer o bem a outras pessoas com atos de solidariedade traz sensação de alegria e de pertencimento a um propósito existencial coletivo, e desenvolve uma maior capacidade de resiliência e adaptação.

Alguns estudos apontam que as pessoas altruístas, mesmo que não esperem nada em troca, possuem um retorno positivo emocional garantido, são mais felizes e, após um ato de solidariedade, têm uma sensação de bem-estar físico e emocional, sentindo-se menos estressadas. Em junho de 2020, por exemplo, um estudo da Universidade de Harvard, publicado no American Journal of Preventive Medicine, mostrou que o trabalho voluntário pode gerar benefícios como diminuição da mortalidade e de limitações físicas.

Ajudar o próximo contribui para a manutenção da saúde física e emocional. Após um ato solidário, são experimentados sensações de alegria e bem-estar que liberam endorfina e outras substâncias positivas ao nosso organismo. As pessoas desenvolvem atitudes positivas diante das adversidades, reduzindo a tristeza, ansiedade, sentimento de solidão, desenvolvendo melhor capacidade de resiliência emocional.

Por isso, podemos classificar o voluntariado como uma via de mão dupla, que beneficia tanto quem ajuda quanto quem é ajudado. Sim, fazer o bem faz bem. Nesse tempo desconcertante de pandemia, mesmo que virtualmente, ou nos pequenos gestos de solidariedade, encontramos a possibilidade de estar conectados com outras pessoas e, assim, diminuir o sentimento de solidão devido ao confinamento que nos foi imposto.

*Sidnei Evangelista é Psicólogo do Núcleo de Identidade, Missão e Vocação dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, de Curitiba

Fonte: Hospital Cajuru