Os resultados econômicos do País têm impactado o mercado de Saúde Suplementar. Mesmo com a taxa positiva do PIB no primeiro trimestre, apresentada pelo governo como a confirmação para o fim da recessão, os níveis de desemprego continuam altos, refletindo sobre os planos de saúde com uma oscilação especialmente no número de beneficiários. Segundo a pesquisadora do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), Natalia Lara, a contratação dos planos está diretamente relacionada à taxa de desemprego, já que 66% dos planos contratados são coletivos.

Natalia Lara, que abrirá a programação científica do XII Congresso Nacional das Operadoras Filantrópicas, no dia 21 de junho, às 9h, vai apresentar a visão macroeconômica do mercado de Saúde Suplementar, abordando, ainda, a importância de operadoras e prestadores caminharem juntos para um novo modelo de pagamento, como o Modelo Prospectivo ou Pay for Performance (P4P), que visa remunerar os médicos de acordo com indicadores de qualidade.

De acordo com ela, o modelo atual de pagamento, o fee for service, incentiva o aumento de demandas por serviços que nem sempre são necessários para o tratamento do paciente, gerando custos para operadoras. “Com a incorporação desses novos modelos de pagamento é possível avançar na questão de indicadores de qualidades na cadeia de Saúde, o que possibilitará maior transparência dos dados e informações relevantes para um cuidado maior em relação a pacientes com doenças crônicas e à gestão de custos com idosos”, afirma.

A atualização periódica do rol de procedimentos da ANS, a cada dois anos, também pressiona as operadoras a incorporarem novas tecnologias sem que haja uma avaliação de seu custo-benefício. “Muitas tecnologias inseridas no Rol de Procedimentos da ANS são duplicadas, ou seja, geram um custo maior para a operadora, sem necessariamente ser mais eficiente que a anterior. O cuidado em inserir novos procedimentos ao Rol é de extrema importância para a sustentabilidade das operadoras”, garante.

Quanto à taxa de desemprego, a pesquisadora destaca que, no primeiro trimestre de 2017, o índice de desocupação atingiu 13,7%, sendo este o maior valor desde que o indicador passou a ser divulgado em 2012, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE). Ela reforça que o PIB brasileiro apresentou crescimento de 1,0% na comparação com trimestre anterior, mas, na comparação de 12 meses, apresentou uma queda de -0,3%. “Mesmo com esse resultado, a taxa de desemprego não caiu. A contratação de planos de saúde está diretamente relacionada a este índice, pois 66,4% dos planos contratados são coletivos. E esse tipo de contratação apresentou queda de 1,9% entre o primeiro trimestre de 2016 e o mesmo período em 2017. Já a queda do total de beneficiários foi de 2%, totalizando, em março de 2017, o número de 47,6 milhões de beneficiários, o que representa uma redução de 978,2 mil beneficiários em 12 meses”, aponta.

A oscilação no número de beneficiários dos planos de saúde também reflete a situação da empregabilidade. “O número de beneficiários é influenciado diretamente pelo aumento de ofertas de emprego ou pelo crescimento da taxa de desemprego. Mas deve-se destacar que a variação em 12 meses, que já considera tais sazonalidades, tem sido negativa. Essas oscilações tendem a diminuir após a volta do crescimento do mercado econômico”, explica a pesquisadora.

Por outro lado, segundo dados publicados no Relatório de Emprego na Cadeia da Saúde Suplementar do IESS, o setor apresentou crescimento de 1,4% no total de trabalhadores empregados com carteira assinada no período de 12 meses encerrados em abril de 2017. No total, o setor emprega 3,4 milhões de pessoas, ou 7,9% da força de trabalho no País. Já o mercado brasileiro recuou 2,8% no mesmo período.