Como assegurar a segurança do paciente em instituições públicas e privadas em momentos de crise, como a provocada pela pandemia provocada pelo Covid-19? Esse foi o mote do webinar promovido pela Câmara Técnica de Segurança do Paciente do Conselho Federal de Medicina (CFM). O evento online reuniu a Helidea Lima, especialista em qualidade assistencial em rede hospitalar, e o superintendente dos Hospitais da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Nacime Salomão Mansur.

O evento, realizado em 4 de setembro, foi assistido por mais de 1.800 pessoas e está disponível na página do CFM no Youtube. Helidea Lima lembrou que a pandemia provocada pelo Sars-Cov-2 teve um caráter inusitado, já que, geralmente, as crises em saúde não são prolongadas, exigindo uma grande capacidade de atendimento em curto espaço de tempo, como no caso de acidentes aéreos ou incêndios. “A crise da Covid-19 foi diferente, pois foi rápida e num longo espaço de tempo. Não tinha guia pronto”, argumentou.

Para ela, o aprendizado que fica desse período inclui lições, como a necessidade de valorização dos profissionais de saúde e de uma equipe multiprofissional; a importância das práticas assistenciais seguras; e a formação de uma rede de atenção à saúde. “Principalmente, temos de cuidar da segurança dos nossos colaboradores, pois assim também cuidaremos do paciente. É preciso dar apoio ao profissional que está na ponta”, defendeu.

SUS – Por sua vez, Nacime Mansur falou sobre a experiência da instituição a qual pertence durante o período. Segundo contou, uma das estratégias importantes foi organizar um comitê de crise para avaliar os riscos atrelados à pandemia. Um dos primeiros problemas foram os preços abusivos cobrados pelos fornecedores. “Não aceitamos. Compramos TNT e confeccionamos nossas próprias máscaras. Também construímos caixas de acrílico para proteção dos profissionais em procedimentos de alto risco de transmissão do Covid-19”, relatou Mansur.

A SPDM também colocou como riscos problemas de compliance, a velocidade na aquisição de produtos, a falta de insumos, a engenharia clínica e a falta de EPIs. Nos riscos inerentes à gestão de pessoal, identificaram a necessidade de contratações rápidas e de apoio psicológico às equipes, o absenteísmo e a falta de testes para os colaboradores.

Foram criados fluxos nos hospitais por zonas, protocolos clínicos referentes à qualidade e segurança, identificação, suporte nutricional e uso de coagulantes, além de protocolos de comunicação com as famílias dos pacientes. “Constatamos o quanto o apoio da família é importante nas internações”, lembrou Mansur. Para o diretor da SPDM, o SUS teve e tem um papel muito importante no enfrentamento da Covid. “Sem ele, teria sido muito pior. Essas pessoas todas que tratamos não teriam para onde ir”, reforçou.

Para o moderador do evento, João Lucena Gonçalves, ficou claro que, a partir das apresentações realizadas, para o enfrentamento de situações como a provocada pela pandemia, é necessária uma cultura prévia de segurança, a análise de riscos e soluções customizadas. O assunto segurança do paciente continuará sendo debatido pelo CFM em webinares. Esses eventos fazem parte das atividades em torno do dia 17 de setembro, quando é comemorado o Dia da Segurança do Paciente. Já está previsto um webinar para 2 de outubro, que debaterá “Os desafios e melhorias no diagnóstico”, e outro em novembro, em data a ser definida, que debaterá a “Cirurgia Segura”.

O webinar pode ser acessado neste link.

Fonte: Conselho Federal de Medicina