Em meio à crescente preocupação com a resistência antimicrobiana, a regulamentação e o controle rigoroso na indicação e utilização de antimicrobianos crescem como uma prioridade para a saúde pública. Neste contexto, a implementação de programas de gerenciamento torna-se essencial para hospitais, trazendo benefícios tanto para os pacientes quanto para a instituição.

De acordo com Fábio de Araújo Motta, médico pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, as instituições de saúde utilizam uma série de antibióticos de forma errada, por isso a necessidade desses programas. “No Hospital Pequeno Príncipe, desenvolvemos o programa hospital STEWARDSHIP de ATM e somos pioneiros do Brasil na prática desde 2009, o que nos orgulha muito. Afinal, saber sobre o assunto e conhecer os problemas a ponto de conseguir regular a indicação de utilização em meio à pandemia crônica e silenciosa que vivemos é muito importante”, comenta.

A resistência antimicrobiana representa uma ameaça significativa, minando a eficácia dos tratamentos e aumentando os riscos para os pacientes. A falta de regulamentação na prescrição e utilização de antimicrobianos contribui para o surgimento e propagação de cepas bacterianas resistentes, dificultando a abordagem clínica. Os programas de gerenciamento de antimicrobianos são projetados para promover o uso apropriado e prudente desses medicamentos, com a implementação de diretrizes de tratamento baseadas em evidências e a avaliação regular da resistência bacteriana. Ao adotar abordagens proativas para o controle de antimicrobianos, os hospitais podem melhorar significativamente a qualidade do atendimento e reduzir os riscos associados à resistência antimicrobiana. “Visa combater a resistência, controlar custos dos hospital e melhora as decisões clínicas”, aponta Motta.

Antimicrobianos são a segunda classe de medicamentos mais prescritos em hospitais, responsáveis pela estimativa de 20 a 50% das despesas hospitalares com medicamentos.

Além dos benefícios diretos para os pacientes, os programas de gerenciamento de antimicrobianos também trazem vantagens substanciais para as instituições de saúde. Reduções nos custos de tratamento, diminuição das taxas de infecção hospitalar e melhor utilização dos recursos são apenas alguns dos impactos positivos observados. Além disso, tais programas fortalecem a reputação e a credibilidade do hospital, demonstrando um compromisso sólido com a segurança e a qualidade do cuidado.

Equipe de um Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos

De acordo com Paulo Henrique Dantas dos Santos, pesquisador da disciplina de Economia e Gestão em Saúde da Escola Paulista de Medicina / Unifesp-SP, 30% de todos os pacientes hospitalizados recebem antibióticos em qualquer momento da internação. “30% dos custos da farmácia hospitalar são direcionados ao uso de antimicrobianos, um custo alto”, afirma.

É preciso que a gestão hospitalar, segundo Santos, fortaleça a implantação de medidas de prevenção e controle de infecções, aprimorar e capacitar profissionais da instituição, além de abraçar e apoiar as medidas que serão desenvolvidas pelas equipes de gerenciamento. Já o infectologista deve desenvolver um sistema de monitoramento, enquanto que a microbiologia se responsabiliza por construir, ampliar e aprimorar um plano de vigilância dos microrganismos nas IRAs, com detecção genotípica de genes de resistência. “Instituições precisam correr para desenvolver um time completo dessa forma, visto o quão pouco temos no país”, finaliza.

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Patricia Lourenço