Atualmente mais de dois milhões de brasileiros possuem alguma deficiência auditiva, o que corresponde a em torno de 1% da população do país, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já estima que, até 2050, 2,5 bilhões de pessoas no mundo terão algum tipo de perda auditiva, sendo que 700 milhões delas vão precisar de serviços de reabilitação.

Quando o assunto é criança, também de acordo com a OMS, até 60% dos casos de perda auditiva poderiam ser evitados por meio das vacinações, acompanhamento pré-natal, realização da triagem neonatal e tratamento de doenças inflamatórias do ouvido. Por isso, no Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, lembrado em 10 de novembro, o Hospital Pequeno Príncipe – única instituição exclusivamente pediátrica do país habilitada pelo Ministério da Saúde para realizar implante coclear pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – reforça a importância da prevenção, diagnóstico e reabilitação precoce da surdez infantil.

O ideal é que, em até 48 horas após o nascimento, todos os bebês passem pela Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), que é fundamental para a identificação de qualquer alteração auditiva. “Esse exame é muito rápido e simples de fazer. Se for detectada alguma falha, é realizado um novo teste no primeiro mês de vida, e, tendo falha novamente, o bebê é encaminhado para um serviço de referência para ser atendido por especialistas e aí ter o diagnóstico. Por isso é tão importante que se consiga fazer todo esse processo dentro do prazo de um mês de vida para a triagem, três para o diagnóstico e seis para a intervenção, reabilitação e orientação”, explica o médico Rodrigo Guimarães Pereira, otorrinolaringologista do Pequeno Príncipe.

O especialista enfatiza ainda que quanto antes a criança começar a ter experiências auditivas, menor será o impacto no seu desenvolvimento. “A orelha é a forma de captar e transmitir o som para o cérebro, que é quem escuta. Então quanto mais tarde ele começar a receber o som, mais difícil vai ser a compreensão por não ter tido experiências auditivas até então. Por isso é fundamental a criança começar a ser reabilitada o mais precoce possível, porque o impacto no desenvolvimento de comunicação, cognitivo e perceptivo será menor”, diz.

Prevenção

A surdez mais comum na infância é a congênita, ou seja, quando a criança já nasce com algum tipo de perda de audição. E entre as causas mais comuns estão alterações genéticas e infecções que acontecem ainda durante a gestação. Mas a surdez também pode ocorrer ao longo da vida, durante o crescimento e até mesmo na fase adulta, com diferentes causas, como quadros sindrômicos e infecções.

Por isso, para prevenir os casos de surdez em crianças, é essencial que se tenham alguns cuidados desde a gravidez. “A gestante deve ter um pré-natal bem-feito, cuidar para não ter doenças infecciosas que possam gerar surdez, não usar drogas ou álcool durante a gestação e manter a carteira de vacinação do bebê em dia”, reforça o médico.

Os cuidados e a prevenção contra problemas auditivos também devem continuar em todas as fases da vida:

  • evite alterações metabólicas graves que possam gerar surdez, como o diabetes;
  • não se exponha de forma inadequada a sons;
  • cuide com o excesso de ruídos;
  • não deixe o volume do fone de ouvido muito alto;
  • opte por estímulos sonoros do ambiente em vez dos provocados pelo fone de ouvido.

Tratamento

Após o diagnóstico, cada caso é avaliado para verificar qual a melhor reabilitação auditiva. Uma das formas de tratamento é o implante coclear, que é indicado para perdas auditivas severas e profundas, ou surdez total. A prótese – que é implantada na orelha e dura a vida toda – substitui a função das células que não estão funcionando. Já para perdas leves ou moderadas, são utilizados aparelhos de amplificação sonora individual.

A surdez necessita de acompanhamento durante toda a vida da pessoa. No início do tratamento, o paciente é acompanhado por otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos e, se necessário, neurologistas ou outros especialistas conforme o quadro. Com o passar dos anos, precisa dar continuidade ao tratamento apenas com otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos.

O Serviço de Otorrinolaringologia do Pequeno Príncipe

Referência no Brasil pela complexidade dos casos tratados, o Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Pequeno realiza consultas ambulatoriais e cirurgias, como o implante coclear, com uma equipe multiprofissional composta por otorrinolaringologistas pediátricos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Apresenta uma estrutura completa para realizar o diagnóstico, a cirurgia, o acompanhamento pós-cirúrgico e a reabilitação dos pacientes com problemas relacionados aos ouvidos, nariz, garganta e cirurgia cervicofacial. Por ser exclusivamente pediátrico, oferece um atendimento integral às crianças, contemplando outras eventuais necessidades, principalmente em relação a doenças graves e síndromes associadas com a surdez.

Sobre o Pequeno Príncipe

Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o país. Disponibiliza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes. Atende em 35 especialidades, com equipes multiprofissionais, e realiza 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Conta com 378 leitos, 68 de UTI, e em 2021, mesmo com as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 200 mil atendimentos e 14,7 mil cirurgias que beneficiaram pacientes do Brasil inteiro.

Fonte: Hospital Pequeno Príncipe