Já se vão quase dois anos com isolamento social, medidas restritivas que nos impedem de ver amigos e familiares, home office obrigatório e o medo constante de ser acometido ou de ver pessoas queridas sofrerem com o coronavírus.

Antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, OPAS, 9,3% dos brasileiros sofriam com ansiedade antes da Covid-19, e 5,8% das pessoas sofriam com depressão. Mas em novembro do ano passado, um novo levantamento da OPAS mostrou o quanto atravessar a pandemia foi algo devastador: 40% dos brasileiros tiveram problemas de ansiedade durante o período.

Segundo dados da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de depressão dobraram no período de quarentena, e casos de ansiedade e estresse tiveram um aumento de cerca de 80%. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a ansiedade é responsável por mais de 33% do número de incapacitados nas Américas.

Um fato que mostra como a pandemia impactou a saúde mental das pessoas está, por exemplo, na nova doença ocupacional categorizada pela OMS, o Burnout. A síndrome do esgotamento profissional subiu de categoria em 1º de janeiro de 2022. Doença ocupacional é, basicamente, aquela adquirida através da atividade profissional. A mudança de categoria força que gestores redobrem seus cuidados com saúde mental, pois por ser uma doença, ela ganha força para motivar um pedido de indenização, por exemplo.

“O isolamento social proporcionou diversas mudanças na rotina das pessoas. Uma das relações mais afetadas foi entre o trabalho e a vida pessoal, modificada, principalmente, com a utilização do home office como novo modelo de trabalho. Viver imerso em uma rotina, sem uma clara separação e com pouco contato humano, aumentou a quantidade de casos de ansiedade entre os colaboradores, prejudicando não somente a produtividade, como a vida pessoal dos mesmos, explica o CEO, Alex Araujo, dono de uma das maiores empresas do país.

Uma pesquisa realizada pelo Empregos.com.br, um dos maiores portais de recrutamento e seleção do Brasil, apontou que, nos últimos dois anos, houve um aumento de 49,4% no interesse das empresas em implantar ações de saúde e bem-estar na rotina de seus colaboradores. Segundo a plataforma, um quarto das empresas afastaram de 1 a 5 funcionários por adoecimento mental nos últimos 12 meses. A ansiedade é apontada como o fator que mais impacta a força de trabalho (41%), seguida pelo estresse (31,9%), depressão ou síndrome do pânico (26,7%) e burnout (9,2%).

O impacto das doenças mentais no mundo

Quatro em cada dez brasileiros (41%) têm sofrido de ansiedade como consequência do surto do novo Coronavírus. As mulheres são as mais afetadas: enquanto 49% se declaram ansiosas, 33% dos homens estão lidando com o sintoma no momento. Os dados fazem parte do levantamento Tracking the Coronavirus, realizado semanalmente pela Ipsos com entrevistados de 16 países.

O índice de 41% ranqueia o Brasil na primeira posição entre as nações mais ansiosas. Em segundo lugar, está o México, com 35%. Com 32%, o terceiro posto vai para a Rússia. Por outro lado, Japão (6%), Alemanha (7%) e Coreia do Sul (15%) são os menos impactados pela ansiedade a nível global, segundo os ouvidos do estudo.

Um em cada dez entrevistados no Brasil (11%) admitiu estar lidando com sintomas de depressão como consequência do surto de Covid-19. As declarações divididas por gênero revelam um impacto predominantemente feminino: 14% são mulheres e 7% são homens.

Os que mais sofrem de depressão na pandemia são os sul-africanos, com 20%. Em segundo lugar, empatados em 19%, estão os americanos e os indianos. O terceiro posto fica para os russos, com 18%. Em contrapartida, chineses (4%), japoneses e franceses (ambos com 5%), e alemães (8%) são os menos deprimidos. 14% dos entrevistados disseram estar sofrendo de dores de cabeça crônicas como resultado da pandemia de coronavírus, sendo 18% mulheres e 9% homens.

Araujo ainda explica que instabilidades sociais e econômicas tendem a prejudicar a saúde mental das pessoas. “Quando parte de um grupo vive em uma condição de vida abaixo da qualidade esperada, com dificuldades financeiras que a fazem priorizar gastos, ou até mesmo, com a falta do acesso a programas de saúde e educação, casos de ansiedade e depressão se tornam comuns pelo cenário negativo”, reforça o especialista.

*Informações Assessoria de Imprensa

Fonte: Saúde Debate