A FEMIPA realizou, na última semana, o curso Liderança em 5 atos – área da Saúde, criado para sensibilizar profissionais sobre a importância da gestão de pessoas no ambiente hospitalar. Mais de 30 pessoas estiveram presentes nos dois dias de capacitação, que foi conduzida pelo professor Fabrizio Rosso, mestre em Recursos Humanos e sócio-diretor da Fator RH.

Segundo o professor, a primeira lição é que, para lidar com pessoas, não existe “milagre”, existe gestão, com ferramentas e métodos para alcançar resultados. “Se tiver que ensinar gestão dentro da sua área, você tem um modelo? Se não tem modelo, não replica. Se não consegue replicar, não forma líderes. Aí vem a estagnação. Gestão é fundamental e precisamos ter ferramentas e modelos para isso”, garantiu.

Ele destacou também que as competências podem ser classificadas em técnica ou atitude. “Com atitude, você cuida de gente; com gestão, você cuida de resultado. A técnica vai auxiliar, vai dar base, mas, sozinha, não vai funcionar; a atitude é o primeiro passo. Atitudes de liderança marcam não apenas os resultados, marcam vidas”, disse.

Nessa linha, Rosso explicou como desenvolver competências de liderança com um modelo de gestão e destacou três variáveis para isso, levantadas em uma pesquisa da Fator RH: consciência, metas e dedicação. Consciência é diagnóstico, olhar para dentro e fazer um balanço, porque, sem isso, não existe mudança. Também é preciso manter um olho no presente e outro no futuro, “pois o futuro precisa ser construído”.

A segunda variável são as metas, mas ele reforçou que elas só funcionarão se forem inteligentes, com um modelo por trás. Durante o curso, o professor ensinou a técnica de Peter Drucker conhecida como SMART. A sigla vem do inglês e significa, em tradução livre, que a meta deve ser específica, mensurável, alcançável, relevante e com prazo. “Meta tem que ser específica, pois meta genérica não leva a lugar nenhum. Ela tem que ser uma ‘foto’ do pensamento do líder. Também deve ser mensurável, respondendo à pergunta ‘quanto?’. Em terceiro lugar, vem a parte prática, ‘alcançável’, que é o plano de ação, o ‘como?’. O quarto passo é verificar a relevância, porque, sem um ‘porquê’, o líder para no primeiro obstáculo. E, por último, não existe meta sem prazo – precisa ter data para começar e para terminar”, explicou.

A última variável é dedicação. Segundo Fabrizio Rosso, liderança é constância de propósito. “Algo que é feito diariamente, porque o líder acredita naquilo. Com pessoas, não existe curto prazo. É preciso disciplina para continuar fazendo, porque o líder acredita no que está fazendo. Se a pessoa tem metas muito bem traçadas, é incrível como as oportunidades vão bater à porta. Mas, sem elas, qualquer caminho serve, inclusive o errado”, apontou.

Além de ensinar os passos para desenvolver competências dentro da equipe, o professor destacou as características de um bom líder. A principal delas é comunicação. “Um líder que escuta pouco, fala mal e toma decisões erradas, porque decide com pouca informação. Só é possível liderar conversando com as pessoas. Conversa cria vínculo”, ponderou.

Ainda de acordo com Rosso, liderança também é posicionamento, e os bons funcionários ficam aguardando uma atitude do líder. Para isso, é preciso usar técnicas de feedback. “Conquistas e avanços, mesmo que pequenos, precisam ser comemorados, pois o negativo contamina. Feedback é um processo de ajuda, e o espírito da conversa tem que ser o da solução”, definiu.

Por fim, ele destacou que um grande líder é um líder educador, pois ensinar coisas novas para a equipe ajuda a desenvolver habilidades e, consequentemente, melhora a produtividade. Para Rosso, um dos grandes ensinamentos da pandemia foi que não é preciso reunir toda a equipe por um longo período para discutir determinado assunto. É possível apostar em microaprendizados.

“Se deixarmos, o hospital consumirá 24h do nosso dia. Temos tanta coisa para resolver, para fazer, que a agenda acaba ficando sem espaço para desenvolver a equipe. E enquanto desenvolver a equipe estiver na última tarefa da lista, vamos continuar sofrendo. Hoje, com microaprendizados, podemos reservar 20 minutos da semana com dois ou três da equipe. Esse tempo não irá resolver todos os problemas do setor, mas, com 20 minutos toda semana, depois de um ano, certamente teremos resultado. O problema é que queremos fazer 20 minutos hoje para ter resultado amanhã. Porém, com pessoas, não existe curto prazo. Por isso, precisamos ser estratégicos, definir um plano e colocar em ação”, finalizou.

Fonte: FEMIPA