O novo surto de contaminações pelo coronavírus, que tem provocado um aumento nos diagnósticos de Covid-19 nas últimas semanas, já impacta os hospitais privados de Curitiba e do Paraná como um todo. De acordo com entidades representativas, esses estabelecimentos de saúde estão tendo de lidar com uma demanda maior por atendimento, ainda que os casos mais graves, que demandam internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), não sejam tão numerosos como outrora.

Comentando sobre a situação dos hospitais da capital paranaense, o presidente do Sindipar (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná), Flaviano Ventorim, confirma que o número de casos em pronto-socorro teve crescimento, com elevação não só nos casos de Covid-19, mas também de outras síndromes respiratórias.

“Mas o número de internações não subiu no mesmo volume. Então temos mais casos, mas o número de internações ainda não é alarmante”, aponta o presidente do Sindipar, que é também diretor do Grupo Nossa Senhora das Graças. “Hoje estou com 16 pacientes Covid no hospital. Cheguei a ter 92 [nos momentos mais críticos da pandemia]”, complementa.

O relato de Charles London, presidente da Femipa (Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Paraná), é parecido com o do colega. Segundo ele, houve aumento significativo na procura por atendimento em geral, com uma “pequena repercussão” no tocante à internação de pacientes em enfermarias e leitos clínicos.

“Essa curva [de demanda] tem sido ascendente. A procura por atendimentos, testes positivos [de Covid], a necessidade de internação para casos leves [de síndrome respiratória], aumentou em relação ao que era, isso é fato. Estava bem controlado e aumentou bastante. Mas nas UTIs, a demanda é relativamente pequena”, ressalta.

Ainda conforme London, a situação atual só não é mais grave graças à vacinação contra a doença pandêmica. Até ontem, 9,47 milhões de paranaenses já haviam completado o ciclo vacinal (tomando duas doses ou dose única do imunizante), enquanto 5,1 milhões já haviam tomado a primeira dose de reforço (3ª dose).

Dessa forma, nem chega a surpreender o relato de que a maioria dos pacientes que estão agravando após serem contaminados pelo novo coronavírus são pessoas que não se vacinaram ou não concluíram o esquema vacinal, junto com pessoas já vacinadas, mas que possuem comorbidades (principalmente as que diminuem a imunidade do indivíduo).

“Se podemos dar uma recomendação para a população, ela é: se vacine, não questione a validade. A vacina é efetiva, segura. O resultado é muito evidente e a principal causa [para não termos tantos pacientes em UTI] é relacionada à vacinação”, afirma o presidente da Femipe, ressaltando que ainda é significativo o número de pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto. “Gente que não tomou a vacina por decisão individual, porque o imunizante já ficou acessível para todos”.

Femipa quer atendimento em ‘taxa administrável’, mas FioCruz aponta tendência de alta nos casos

De acordo com o doutor Charles London, presidente da Femipa, a expectativa é que nas próximas semanas o número de casos novos e a demanda por atendimento relacionado à Covid-19 comece a cair nos hospitais de Curitiba. “O que esperamos é isso, que volte a uma taxa administrável. Zerar a doença, efetivamente, não zerou em momento nenhum. Mas esperamos que volte a uma taxa administrável, com números de menor impacto”, diz ele, citando a ampliação na faixa de vacinação da dose de citando a aplicação da 4ª dose da vacina contra a Covid-19 nas pessoas a partir de 50 anos como uma medida importante para que volte a melhorar o quadro sanitário.

Por outro lado, o Boletim InfoGripe da FioCruz, divulgado ontem, apontou tendência de aumento dos casos de Covid-19 no Paraná e em Curitiba. Diante desse cenário, o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, ressaltou a importância da dose de reforço da vacina e da volta do uso de máscaras.
“É fundamental que a população retome certas medidas simples e eficazes como o uso de máscaras, especialmente no transporte público, seja ele coletivo ou individual – tais como ônibus, trem, metrô, barcas, táxis e aplicativos. E quem ainda não tomou a dose de reforço da vacina da Covid, é preciso tomar. A vacinação é simplesmente fundamental”

Especialista recomenda o uso de máscaras

O Boletim InfoGripe Fiocruz reforça a tendência de aumento dos casos de Covid-19 entre as ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – que corresponderam, nas últimas quatro semanas, em 69% dos casos positivos para vírus respiratórios. O dado refere-se ao casos analisados em todo o País, mas o Paraná e Curitiba, apresentam tendência de alta. Diante desse contexto, o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, ressaltou a importância da dose de reforço da vacina e da volta do uso de máscaras. “É fundamental que a população retome certas medidas simples e eficazes como o uso de máscaras, especialmente no transporte público, seja ele coletivo ou individual – tais como ônibus, trem, metrô, barcas, táxis e aplicativos. E quem ainda não tomou a dose de reforço da vacina da Covid, é preciso tomar. A vacinação é simplesmente fundamental”.

Pesquisa revela alta de 94% nos casos de Covid no país

Uma pesquisa divulgada ontem pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) identificou um aumento médio de 94% no número de casos confirmados de Covid-19 em hospitais privados de todo o Brasil nas duas últimas semanas. Dos atendimentos relacionados à doença pandêmica em pronto-socorro (30% da demanda), 4,52% acabaram internados e aproximadamente 1,2% precisaram ser encaminhados para UTI.

Outro dado de destaque levantado pela pesquisa com hospitais associados foi a taxa de ocupação dessas instituições que, nas duas últimas semanas, alcançou a média de 84% – em abril esse número não passou de 77,5%. “Não podemos esquecer de que estávamos em uma fase de retomada dos procedimentos eletivos, mas também não podemos desprezar essa informação no cenário da Covid”, disse o diretor-executivo da Anahp, Antônio Britto.

A pesquisa também indicou que, no período, 5,5% dos profissionais de saúde foram afastados por diagnóstico positivo para Covid-19. Além disso, ao avaliar a incidência de síndromes gripais, o resultado indicou um aumento de 32% desses casos não relacionados à Covid em pronto-atendimento.

Fonte: Rodolfo Luis Kowalski - Bem Paraná