Representantes das secretarias de saúde dos três estados do sul do país se reuniram nesta semana em Curitiba para discutir a política de saúde mental desenvolvida em seus territórios no I Fórum de Saúde Mental Infantojuvenil da Região Sul e o II Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental da Região Sul. Os dois eventos, organizados pelo Ministério da Saúde com apoio dos três estados, reuniram técnicos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul em três dias de discussão e oficinas.

Segundo o coordenador nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, “o sul tem um protagonismo que precisa ser destacado e as ações desenvolvidas pioneiramente na região precisam se espalhar por todo país”. Ele disse que atualmente o Brasil contabiliza 2 mil Centros de Atenção Psicossocial (Caps), o que representa um grande avanço conquistado a partir da reforma psiquiátrica que determinou a reinserção social de portadores de transtornos mentais. O Paraná tem 103 Caps em todas as regiões.

O coordenador de Atenção às Condições Crônicas da secretaria estadual da Saúde do Paraná, Juliano Gevaerd, relatou o trabalho que o estado vem desenvolvendo na área e destacou os avanços do Paraná ao instituir a Rede de Atenção à Saúde Mental com propostas claras e orçamento digno para melhorar a atenção a essa população. “O Paraná não possuía uma política clara de saúde mental e o tema era tratado com certa resistência dos profissionais de saúde e demais áreas. Isso mudou e hoje o governo do Estado assumiu o protagonismo na saúde mental”, disse Gevaerd.

Esse protagonismo se concretiza com o aumento dos pontos de atenção psicossocial, a qualificação dos profissionais, regulação dos leitos psiquiátricos, a instituição dos comitês regionais de saúde mental e a construção dos planos de ação regionais com o potencial de implantação de novos pontos de atenção. Outro fator importante foi a implantação do Comitê Intersecretarial de Saúde Mental, que reúne as secretarias estaduais da Saúde, Educação, Justiça, Segurança e Família e Desenvolvimento Social.

As coordenadoras de Saúde Mental de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Maria Cecília Heckrath e Károl Veiga Cabral, foram unânimes em apontar a necessidade de manter as discussões sobre o tema para garantir avanços e não retrocessos. “A reforma psiquiátrica trouxe um novo olhar ao cidadão com transtornos mentais e não podemos deixar que a sociedade volte a querer isolar aqueles que são diferentes sob a alegação de segurança. A sociedade deve acolher e não isolar”, disse Károl Cabral.

Maria Cecília Heckrath disse que “estamos construindo bases para avanços e por isso é essencial que todos os estados tenham uma política de saúde mental inclusiva, que trate essa população vulnerável de forma respeitosa e civilizada”.Os relatos das discussões do fórum e do colegiado serão levados a Brasília como contribuições do sul à política nacional de saúde mental.

Fonte: Sesa