Hospitais filantrópicos e santas casas de todo o país fazem uma paralisação simbólica, nesta terça-feira (19), com reagendamento de procedimentos eletivos para protestar contra a falta de repasses financeiros do Governo Federal. De acordo com a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CBM) os serviços emergenciais serão mantidos.

Segundo um levantamento da CMB, em função do nível de endividamento e do subfinanciamento do Sistema Único de Saúde, nos últimos seis anos, 315 hospitais filantrópicos tiveram que fechar as portas no país. A situação se agravou durante a pandemia de Covid-19, que elevou a demanda e os custos, fazendo com que a dívida do setor já chegue a mais de R$ 20 bilhões.

No Paraná, existem 147 hospitais filantrópicos, responsáveis por 54% de todos os atendimentos do SUS no Estado e mais de 70% dos atendimentos SUS de alta complexidade.

Conforme o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Charles London, as instituições filantrópicas paranaenses, assim como acontece no Brasil, enfrentam problemas financeiros históricos em função da defasagem de quase duas décadas da tabela de procedimentos do SUS, que remunera apenas 60% do total dos gastos dos hospitais com o atendimento público.

“Os hospitais têm absorvido nos últimos anos todo o tipo de dificuldade, desde a ausência de remuneração adequada, falta de reajuste de tabelas e de insumos que aconteceram ao longo desse período de pandemia de forma intensa. Por isso, chegaram ao limite de sustentabilidade bastante arriscado. Algumas Santas Casas já vivem hoje com endividamento bastante significativo, comprometendo muitas vezes a sua subsistência”, disse à Banda B.

Em maio do ano passado, o Governo Federal anunciou um aporte emergencial de R$ 2 bilhões para os hospitais. Dinheiro que, até o momento, não foi repassado. Além disso, o setor enfrenta outra preocupação: tramita na Câmara Federal, com votação prevista para os próximos dias, o projeto de leite 2564/20, que institui o piso salarial da enfermagem. O impacto da proposta seria de R$ 6,7 bilhões.

Hospitais reclamam da tabela do SUS

Dados da CMB apontam que, desde o início do plano real, em 1994, a tabela SUS e seus incentivos foi reajustada, em média, em 93,77%, enquanto o INPC (Índice de Preços no Consumidor) foi em 636,07%, o salário-mínimo em 1.597,79% e o gás de cozinha em 2.415,94%. O presidente da Femipa afirma que isso representa, por ano, um acumulo R$ 10 bilhões de defasagem para os hospitais.

Conforme London, o setor não é contra o aumento do salário da enfermagem, mas é preciso indicar de onde virá o valor para arcar com esse custo.

“Esse novo aumento impactaria mais quase R$ 7 milhões. Em números redondos isso daria quase R$ 17 milhões de defasagem. É importante ressaltar esses números. Nós temos todo o interesse de atender todas as categorias profissionais que atuam nos hospitais, ficou muito evidente a importância do sistema de saúde como um todo, contanto que se discuta também as fontes de financiamento para esses valores”, ressaltou.

Fonte: Francielly Azevedo e Douglas Pimentel - Banda B