No mês em que se celebra o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada (18/2), o maior hospital exclusivamente pediátrico do país, o Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR), realiza um encontro sobre cuidados com este público. Voltados para profissionais, pais e responsáveis, o evento será realizado no sábado, dia 25 de fevereiro, a partir das 9h, na própria instituição.

Estima-se que duas em cada cem crianças submetidas à intubação orotraqueal prolongada necessitem de traqueostomia, a maioria delas menores de 1 ano de idade. No entanto, após a alta hospitalar, um dos problemas comuns é a falta de destino para o acompanhamento médico da criança. Já a taxa de mortalidade relacionada à traqueostomia, de acordo com a literatura internacional, gira entre 0% e 5,9%. Num estudo brasileiro de 2009, no Rio Grande do Sul, foi identificada a mortalidade de 4%.

“Além dos riscos, a traqueostomia tem um grande impacto na vida da criança e sua família, com interferências nas esferas social, física e psicológica. Precisamos focar em todos os aspectos envolvidos, porque é uma situação muito complexa para ser deixada de lado”, ressalta o otorrinolaringologista pediátrico Fabiano Gavazzoni, do Hospital Pequeno Príncipe.

Criada em 2021, a data tem como um de seus objetivos salientar a necessidade de assistência profissional adequada para atender essas crianças. A traqueostomia ajuda na respiração, mas tem implicações que precisam ser tratadas por profissionais multidisciplinares. “A criança não consegue se comunicar direito, nem tossir, e pode até apresentar uma dificuldade de engolir. Sendo assim, precisa de fonoaudiólogo para trabalhar a deglutição e a fonação e de uma fisioterapeuta para ajudar o pulmão a trabalhar melhor”, explica o médico.

Cuidados importantes à criança traqueostomizada

O especialista também lembra a importância de orientar pais, responsáveis e familiares sobre os cuidados a serem tomados com as crianças que passaram pelo procedimento. “Existe um risco alto de mortalidade envolvendo a traqueostomia em caso de obstrução da cânula, especialmente naquelas crianças que têm fechamento completo da via natural. E como médicos temos o papel de prover as famílias de informações e orientações. Uma criança que passou pelo procedimento não pode ser abandonada, o profissional de saúde precisa dar sequência ao atendimento, e os familiares não podem ir para casa sem entender todas as necessidades de seu filho”, reforça.

Com acompanhamento médico contínuo, meninos e meninas traqueostomizados podem ter qualidade de vida, bem-estar e segurança, garantindo outra questão levantada por Gavazzoni: o direito dessas crianças estarem inseridas socialmente, ou seja, ir à escola, brincar e divertir-se com os amigos. “Ela já tem uma série de limitações e restrições, não podemos excluí-la ainda mais. O que precisamos é garantir uma certa assistência nos espaços frequentados pela criança”, coloca o otorrino.

Sobre a traqueostomia

A traqueostomia é um procedimento cirúrgico de baixa complexidade que dura cerca de 40 minutos e que, por meio de um pequeno orifício no pescoço (traqueia), o médico insere uma cânula (um tubo) para facilitar a chegada de ar até os pulmões em pacientes que apresentem uma obstrução na laringe. Relativamente comum na população pediátrica, inclusive na com menos de 1 ano, o procedimento é indicado nos casos de intubação prolongada para ventilação mecânica; pacientes com pneumonias de repetição; malformações; tumores na face e no pescoço; paralisia bilateral das cordas vocais; trauma no pescoço, entre outros.

O tempo necessário de traqueostomia depende de cada diagnóstico e também do cuidado com a manutenção dos materiais. É essencial realizar a troca da cânula regularmente, de acordo com a recomendação médica. Para evitar que o paciente fique traqueostomizado mais do que o necessário, é importante fazer o acompanhamento médico e tirar todas as dúvidas no momento das consultas.

Com os avanços das técnicas de suporte de vida e o tratamento de doenças crônicas, cada vez mais aumenta o número de pacientes portadores de condições que, temporariamente ou permanentemente, utilizam esse tipo de dispositivo. Levantamento com os 11 centros especializados no atendimento a esse público e que participaram da Campanha do Dia Nacional da Criança Traqueostomizada revela que, em 2021, 257 crianças de 0 a 3 anos realizaram o procedimento de traqueostomia. Em 2022, esse número subiu para 318.

Ambulatório de Traqueostomia

O Pequeno Príncipe possui um Ambulatório de Traqueostomia que funciona uma vez por semana para acompanhamento de pacientes que já receberam alta hospitalar, mas continuam traqueostomizados. O atendimento e orientação às famílias são realizados por enfermeiros especializados. Esses profissionais também são responsáveis pelo encaminhamento à equipe multiprofissional que presta assistência na retaguarda e é composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Atualmente, 82 crianças traqueostomizadas são atendidas pelo Hospital, 78% delas com idade entre 1 e 10 anos, e a média de novos casos no Ambulatório gira em torno de cinco atendimentos por mês, além dos pacientes internados que também são assistidos pelas equipes especializadas.

Serviço

O que: Encontro sobre cuidados com crianças e adolescentes traqueostomizados

Quando: 25 de fevereiro (sábado, das 9h às 11h30)

Onde: Hospital Pequeno Príncipe (auditório do 6° andar)

Confirmação de presença: whatsapp – (41) 98884-2378 ou e-mail-eventos@hpp.org.br

Fonte: Hospital Pequeno Príncipe