inflaçãoA inflação do setor de Saúde já chega a 16,5% em 12 meses, contra uma inflação oficial (IPCA) de pouco menos de 6% no período, informa o Sindicato dos Hospitais do Município do Rio de Janeiro (Sindhrio), entidade que representa cerca de 2 mil instituições na cidade, entre hospitais, clínicas e casas de saúde. A inflação na saúde é mais alta por conta da permanente incorporação dos avanços tecnológicos e científicos aos serviços médico-hospitalares e também pelo emprego de um grande contingente de mão-de-obra especializada. Essa distorção tanto prejudica o atendimento aos clientes como apimenta a relação entre hospitais/médicos, de um lado, e planos de saúde, de outro.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu prazo até o dia 30 de outubro para que as empresas operadoras de planos firmem contratos com cláusulas claras de reajuste com os hospitais. O presidente do Sindhrio, Fernando Boigues, ressalta que a redução na receita tem gerado desequilíbrio às instituições de saúde, impedindo novos investimentos em unidades e leitos à altura da crescente demanda.

No município do Rio, a rede privada emprega mais de 40 mil profissionais, entre médicos, enfermeiros, odontólogos, psicólogos e pessoal administrativo. Os problemas dos hospitais poderiam ter sido atenuados se o governo não tivesse deixado o setor de fora dos programas de desoneração da folha de pagamentos. “Inexplicavelmente, o governo ignorou o setor, a despeito de sua importância social e econômica”, lamenta Boigues.

Boigues afirma que há muita coisa errada no setor de Saúde, a ser levada a debate na 19ª. edição de Hospital Businesses, nos dias 23 e 24 de outubro, no Rio. Lembra que as autoridades parecem pensar ser bastante regular a relação entre planos de saúde e clientes, mas que tão ou mais importante é o que ocorre entre planos de saúde e hospitais, e ainda em relação aos médicos. Isso ganha relevo quando se sabe que o setor privado abrange área expressiva e crescente na saúde, pois a classe média ascendente procura abandonar o Sistema Único de Saúde (SUS) em favor de planos privados, mesmo que modestos.

Informa Boigues que, em 2005, os inscritos nos planos de saúde eram 35,4 milhões e, agora, são 49,2 milhões. Houve alta de 38,9% no número de beneficiários, mas o volume de leitos disponibilizados pela rede privada, não vinculados ao SUS, passou de 110 mil para 130 mil, no mesmo período, ou seja, subiu apenas 17,9%. Com isso, se entende porque as pessoas se queixam, nas rádios e jornais, por não poderem se internar. Esclarece Boigues: “A rede privada tem enfrentado dificuldades para investir na abertura de novas unidades e na ampliação das já existentes, devido a um gargalo em sua fonte financiadora, que precisa ser removido. O descompasso entre os crescentes aumentos dos custos dos serviços de saúde e a remuneração desses serviços pelas operadoras está na origem do problema”.
O presidente do Sindhrio defende o estabelecimento de contratos com regras claras de reajuste, como primeiro passo para mudar o atual cenário. As empresas de seguro-saúde, por sua vez, também não estão contentes. Alegam que o governo lhe cria novas obrigações e concede reajustes contidos, que não compensam seus gastos e seu risco. Por isso, a maioria das empresas parou de vender planos individuais, por considerar que isso lhes irá gerar perdas. Em resumo, todo setor precisa ser rediscutido.

Fonte: Monitor Mercantil