Cerca de 80 hospitais filantrópicos do Paraná vão passar a utilizar energia solar para atender parte de suas necessidades de energia elétrica. Com isso, está prevista uma economia de R$ 12 milhões anuais na conta de luz, dinheiro que será revertido em melhorias no atendimento à população, como na contratação de mais profissionais da saúde, medicamentos e outros insumos para a atividade hospitalar. O benefício é graças a uma parceria firmada entre a Itaipu Binacional e a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), que criou o programa Femipa Energia. O investimento de R$ 82 milhões, quase todo custeado por Itaipu, foi anunciado nesta segunda-feira (31), em Londrina (PR), com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Durante o evento, o ministro reforçou a importância das Santas Casas e dos hospitais filantrópicos para o Sistema Único de Saúde. “Nós temos muitos hospitais públicos importantes no país, mas sabemos que mais da metade das internações no SUS acontecem nas entidades filantrópicas e que os atendimentos na alta complexidade chegam a 70%. Então, não temos como falar em reduzir o tempo de espera e aumentar o atendimento especializado no país sem uma forte parceria com as Santas Casas e os hospitais filantrópicos”, apontou Padilha.

Ele enfatizou também a parceria entre a Itaipu e a Femipa, que poderá ser replicada em todo o Brasil com outros parceiros. “Estamos discutindo com a Caixa (Econômica Federal), que já financia as Santas Casas de diversas formas, uma proposta para dar mais recursos para essas instituições. E este programa da Itaipu é um exemplo de como gerar mais recursos, além de reduzir os impactos das mudanças climáticas e levar a transição energética para a área da saúde”, afirmou o ministro.

Para reforçar a relevância da Femipa no âmbito estadual, o presidente da Federação, Dr. Charles London, destacou que a entidade congrega 96 instituições associadas. Ele citou, ainda, que os hospitais filantrópicos respondem por mais de 50% de todo o atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná e chegam a atender mais de 70% da demanda da alta complexidade, como traumas, cardiologia, oncologia e transplantas. Em 54 municípios do estado, as instituições sem fins lucrativos são o único equipamento de saúde na região.

“Precisamos destacar, ainda, que a cada R$ 100,00 gastos com pacientes do SUS, as tabelas remuneram 65%. Ou seja, os outros R$ 35,00 precisam vir de outras fontes de custeio. É sempre importante lembrar esses números, porque eles são extremamente significativos. Não somente mostram o quanto as santas casas e os hospitais filantrópicos são fundamentais para o sistema de saúde como também precisam de um olhar atento das autoridades para a questão do subfinanciamento”, reforçou.

Sobre a parceria firmada para a criação do programa Femipa Energia, Charles London destacou a sensibilidade da Itaipu Binacional para a causa e afirmou que a economia gerada pelo projeto vai ajudar a garantir a sobrevivência desses hospitais.

“Aqui, estamos falando especificamente de custeio, que é a parte mais sensível dos hospitais. Não vamos receber um novo recurso, mas vamos ter uma diminuição significativa nos custos. Isso, certamente, será revertido em benefício para o cidadão, porque teremos a possibilidade de investir esse montante economizado em outras áreas”, garantiu.

Femipa Energia

Pelo convênio entre Itaipu e Femipa, serão instalados 18 Megawatts (o que é suficiente para abastecer uma cidade de 60 mil habitantes, por exemplo) de sistemas de geração fotovoltaica. Serão priorizados os hospitais do grupo tarifário A e B (baixa e média tensão), totalizando 80 instituições beneficiadas. Desse total, 29 serão atendidos por painéis instalados em telhados ou coberturas de estacionamentos. Para estes, a previsão de início das obras é neste mês de abril. Os demais serão atendidos por quatro usinas fotovoltaicas que começarão a ser construídas no mês de junho.

A parceria com a Femipa faz parte do programa Itaipu Mais que Energia, que desenvolve iniciativas socioambientais alinhadas com o governo Federal, em todo o Paraná e em 35 municípios do Mato Grosso do Sul. A economia prevista, de R$ 12 milhões nas contas de luz, corresponde a 35% das necessidades de energia desses hospitais. A Itaipu fará um acompanhamento contínuo dos indicadores de geração ao longo dos três primeiros anos do projeto. Esses dados servirão como base para outras parcerias semelhantes no futuro.

“Para a Itaipu, que tem um compromisso social e ambiental muito forte, esse tipo de investimento, além de ocasionar uma redução do consumo da energia da rede, é muito importante. Esses hospitais passam a contar com sua própria energia, uma energia limpa e barata, e com isso, conseguem melhorar a qualidade de vida da população”, afirmou o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri. “É um projeto sustentável não apenas do ponto de vista ambiental, mas também econômico e social”, complementou o diretor de Coordenação da empresa, Carlos Carboni.

Exemplo

A Santa Casa de Londrina é exemplo do impacto que a geração solar terá nos gastos com energia. A instituição é um dos quatro hospitais filantrópicos que atendem a municípios da região de Londrina e que somam 2 milhões de habitantes (os outros três são Hospital Vida, Hoftalon Hospital de Olhos e Hospital do Câncer de Londrina). Na Santa Casa, um complexo de dois hospitais, a conta mensal de luz é de R$ 350 mil e deverá ser reduzida em R$ 120 mil a partir da instalação dos painéis solares. “É um recurso que vai ser revertido na melhoria da assistência do SUS e na diminuição do déficit da Santa Casa. Então, é um benefício direto para os pacientes” afirmou a superintendente e coordenadora do Conselho de Administração da Santa Casa, Ana Paula Cantelmo Luz.

Presenças

A solenidade também contou com a presença do prefeito de Londrina, Tiago Amaral; dos deputados federais Lenir de Assis, Luiz Carlos Hauly e Zeca Dirceu; do superintendente do Ministério da Saúde no Paraná, Luiz Armando Erthal; dos deputados estaduais Arilson Chioratto e Professor Lemos; da ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes; do vice-presidente da Região Sul da Associação Brasileira dos Municípios e prefeito de Paraíso do Norte, Beto Vizzotto; do conselheiro da Itaipu, Michele Caputo Neto; da secretária de Saúde Londrina, Vivian Feijó; além dos membros da diretoria da Femipa Ana Paula Cantelmo Luz, Heracles Arrais, José Roberto Campaner, José Pereira e Rodrigo Sato Hasegawa.

Fonte: Itaipu Binacional, com informações da FEMIPA