Transformar a cultura das instituições de saúde sem depender de grandes investimentos em estrutura ou tecnologia é possível, desde que se olhe para o fator humano. Essa foi a principal mensagem do CEO da GesSaúde, Roberto Gordilho, que organizou, em parceria com a FEMIPA e a Milmedic, o I Fórum Paranaense de Liderança e Maturidade de Gestão na Saúde, um evento exclusivo para associados à Federação e voltado para diretores, administradores e tomadores de decisão dos hospitais.

Na avaliação dele, o evento, que aconteceu no auditório da Santa Casa de Londrina, foi um sucesso, reunindo mais de 70 pessoas em um espaço de discussão e aprendizado sobre boas práticas, desafios e inovações na gestão de organizações de saúde. “O fórum foi sensacional, extraordinário. A Santa Casa de Londrina nos recebeu de forma muito calorosa, e a qualidade das palestras foi elogiada por todos os participantes”, destacou Gordilho.

Em entrevista exclusiva à FEMIPA, o CEO foi direto ao abordar os desafios da gestão hospitalar: “Hoje, muitos líderes vivem apagando incêndios. Isso acontece porque eles não têm clareza dos objetivos a serem alcançados. Mergulham nas tarefas, acreditando que o somatório de tarefas gerará resultado, e isso não é verdade. Precisa de clareza de objetivo”, disse.

Segundo ele, três pilares sustentam uma liderança efetiva: propósito compartilhado, objetivos claros e desenvolvimento de competências emocionais e comportamentais. “É preciso trabalhar a inteligência emocional, a gestão de conflitos, a comunicação e a gestão do tempo. Tudo isso ajuda a transformar essa realidade de líderes que vivem apagando incêndio para líderes mais focados, mais empoderados e que geram um resultado muito melhor”, reforçou.

O resultado disso? De acordo com o palestrante, sustentabilidade! “Sustentabilidade no aspecto da qualidade do atendimento, da humanização das relações, sustentabilidade no aspecto econômico-financeiro. Essa mudança no foco das lideranças, essa transformação do modelo de operação, elas impactam diretamente a sustentabilidade da instituição”, explicou.

Com relação às lideranças de hoje, o CEO da GesSaúde avalia que existem grandes oportunidades de melhoria. Para ele, o maior desafio na maioria das instituições não está na infraestrutura nem nos processos, mas na formação de lideranças.

“O setor de saúde investiu muito nos últimos anos em estrutura, tecnologia e planejamento estratégico, em processos. Mas não investiu na formação de lideranças. Isso gerou o que eu chamo de ‘paradoxo da saúde’: temos tudo – estrutura, equipamentos, tecnologia, estratégia, processos e pessoas para executar as atividades, mas os resultados estão muito aquém do potencial. Isso porque as lideranças, que são a conexão entre a estratégia e a operação, a estratégia e o resultado, precisam ser melhor trabalhadas. E esse gap existe justamente por falta de investimento. Agora, é hora de investir na formação desses líderes para gerar os resultados que as organizações estão buscando”, ressaltou.

Outro ponto fundamental abordado pelo CEO da GesSaúde foi o desafio do convívio entre diferentes gerações dentro dos hospitais. “Hoje, temos cinco gerações trabalhando juntas – baby boomers, aqueles na faixa dos 70 anos; geração X, na faixa de 60 anos; geração Y, na faixa de 40 anos; geração Z, na faixa dos 20 anos; e os menores aprendizes, que são a geração alfa. Essas gerações têm perspectivas completamente diferentes sobre o trabalho e a vida. E eu acho que o choque é muito grande, porque cada geração acha que o seu modelo é único. O que nós temos trabalhado é um modelo de criação de uma visão empática, para mostrar que o grande potencial está em combinar o que cada geração tem de bom. E isso passa por preparar os líderes para entender os mais experientes e os mais novos. Então, o modelo de liderança faz toda a diferença nesse processo”, garantiu.

Indo um pouco além, o palestrante falou também sobre o cenário da Saúde. Para Gordilho, o setor vive um momento que pode ser muito bom ou muito desafiador. “Depende muito do modelo mental da liderança da organização. Se continuar no processo do modelo antigo, de que o hospital cresce construindo novas alas e comprando novos equipamentos, isso vai gerar muita dificuldade, porque aumenta significativamente o custo, muitas vezes sem o retorno planejado. Se a liderança entender que o processo de estrutura de equipamentos é parte, mas que o que dá vida a tudo isso são as lideranças e as pessoas, eu acho que as organizações de saúde têm um potencial muito grande para transformar os seus resultados”, avaliou.

Maturidade de gestão: um conceito abrangente

Citando o tema do Fórum realizado pela FEMIPA e a GesSaúde, com apoio da Milmedic, Gordilho define que maturidade de gestão é ter pessoas preparadas e qualificadas para usar a tecnologia com bons e sólidos processos para entregar uma estratégia definida, e um sistema de governança que permita a gestão da organização e dos projetos. “E, dentro desse modelo, a formação das lideranças tem um capítulo muito importante. Sem líderes preparados, não há sustentabilidade, porque a liderança é a conexão entre a estratégia e a operação”, explicou.

Para finalizar, o palestrante reforçou que o próximo ciclo do crescimento, da sustentabilidade, do crescimento das organizações de saúde necessariamente passa pelo desenvolvimento das pessoas e, prioritariamente, pelo desenvolvimento das lideranças. “Essa foi, eu diria, a mensagem principal que todos os palestrantes do Fórum trouxeram”, completou.

Fonte: Maureen Bertol - Assessoria de Imprensa FEMIPA