A cientista e pesquisadora Nísia Trindade assumiu hoje (2) o posto de ministra da Saúde. Durante cerimônia de transmissão de cargo, no auditório da pasta, em Brasília, ela cravou que sua gestão será pautada pela ciência e pelo diálogo com a comunidade científica.

Antes de iniciar sua fala, Nísia foi homenageada por servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição que presidia até então, lembrou que a pandemia de covid-19 ainda não acabou e reforçou a importância de se completar o esquema vacinal contra a doença.

“A pandemia mostrou a nossa vulnerabilidade. O rei está nu. Precisamos afirmar, sem nenhuma tergiversação, e superar essa condição”, disse, ao destacar que o país responde por 11% das mortes por covid-19 no mundo, apesar de representar 2,7% da população global.

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No discurso, Nísia afirmou que, à frente do Ministério da Saúde, quer:

  • Fortalecer a produção local e o complexo econômico da saúde, dando ao Brasil autonomia na produção de vacinas e fármacos.
  • Estreitar as relações entre religião e ciência após o que chamou de “período de obscurantismo” ao se referir à gestão de Jair Bolsonaro (PL). “Penso que as lideranças religiosas terão um grande papel na transformação da sociedade. Muitas estão sendo fundamentais na defesa da ciência, da vacinação e no cuidado da população”.
  • Retomar a coordenação nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte do Ministério da Saúde.

A nova ministra da Saúde também anunciou:

  • O combate ao racismo estrutural no SUS;
  • A retomada do alinhamento da agenda da saúde mental à reforma psiquiátrica brasileira;
  • A criação de uma política de atendimento às pessoas com sintomas pós-Covid;
  • Ações para reverter as baixas coberturas vacinais, como os “embaixadores da vacinação” espalhados pelo Brasil para incentivar a imunização;
  • Fortalecimento do programa Farmácia Popular.

Revogações

Nísia anunciou que a pasta, por meio de um grupo de trabalho, vai iniciar estudos no intuito de revogar portarias que ferem a ciência, os direitos humanos e os direitos sexuais e reprodutivos. A expectativa, segundo ela, é que os trabalhos sejam finalizados em até 15 dias.

A ministra adiantou áreas com decretos a serem revistos: saúde mental, incluindo atos que contrariam a luta antimanicomial; saúde da mulher; e atos que contrariem a recomendação científica, citando especificamente a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina.

Programa Nacional de Imunizações

Em conversa com a imprensa, Nísia anunciou a criação de um departamento responsável por fortalecer o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Atualmente, o programa pertence a uma coordenadoria subordinada à Secretaria de Vigilância em Saúde.

“Por uma feliz coincidência, assumo o cargo no Dia do Sanitarista. A saúde, como disse o sanitarista Sérgio Arouca, não é ausência de doença, mas uma condição de bem estar físico e mental”, concluiu.

Nomeações

Confira os nomes anunciados pela ministra durante a cerimônia de transmissão de cargo:

– Swedenberger do Nascimento Barbosa como secretário-executivo:

– Nésio Fernandes como secretário de Atenção Primária à Saúde;

– Helvécio Magalhães como secretário de Atenção Especializada à Saúde;

– Ethel Maciel como secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente;

– Carlos Gadelha como secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos;

– Isabela Pinto como secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde;

– Ana Estela Haddad como secretária da Informação e Saúde Digital;

– Weibe Tapeba como secretário de Saúde Indígena.

G1: Ao assumir Ministério da Saúde, Nísia Trindade promete revogações, diz que gestão será pautada pela ciência e anuncia indígena no secretariado

Agência Brasil: Nísia Trindade assume Saúde e diz que gestão será pautada pela ciência

Fonte: Agência Brasil e G1